Com um cenário de alta subnotificação dos casos e da falta de testes, estudo divulgado hoje pela UFMG conclui que o Estado pode ter cerca de 56.000 pessoas infectadas pelo coronavírus. O número é 16 vezes maior que os dados oficiais do Governo de Minas Gerais – o último balanço da Secretaria de Estado de Saúde (SES) aponta 3.435 registros positivos da doença e 127 mortes.
O levantamento realizado pelos professores Leonardo Costa Ribeiro, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, e Américo Tristão Bernardes, do Departamento de Física da Universidade Federal de Ouro Preto, revela também que a subnotificação em Minas Gerais já supera em quatro vezes a média do Brasil.
De acordo com o estudo, há um mês eram realizados 296 testes por milhão de habitantes no país, índice que foi elevado para 1.597 testes por milhão após o significativo aumento de diagnósticos entre os dias 12 de abril e 10 de maio. “Isso explica, em parte, a redução da subnotificação no país. Enquanto isso, Minas Gerais testa muito pouco", explica Leonardo Ribeiro. Com média de apenas 476 testes por milhão de habitantes, Minas Gerais está atrás de Estados como Amazonas e Distrito Federal, que contam com 1.600 testes por faixa da população.
Em todo o país, as principais dificuldades, conforme o especialista, estão relacionadas à falta de infraestrutura laboratorial, mão de obra, logística e aquisição de testes. Mesmo sendo o oito com maior número de contaminados, o Brasil ainda é o 27º na posição de testagem por milhão de habitantes entre os 30 mais afetados pela pandemia.
Elevado número de hospitalizações
Ainda segundo o pesquisador, os dados da SES mostram um elevado número de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que inclui outras doenças como gripe e pneumonias, em Minas Gerais – entre as demais federações brasileiras, o Estado é o terceiro com mais internações por SRAG, enquanto aparece na 11º posição na lista de confirmações de coronavírus.
“Consideramos que a combinação de alto número de hospitalizações pela síndrome com números baixos de testes e casos confirmados seja indício de que há grande subnotificação nos registros oficiais”, finaliza.