O delegado e o investigador da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), investigados por assédio moral e sexual a escrivã Rafaela Drumond, encontrada morta no mês de junho, foram novamente transferidos. As mudanças seguiram uma determinação do Conselho Superior da PCMG.
A decisão entendeu necessária a transferência por "interesse do serviço policial", após comprovar a "necessidade, por ato fundamentado". A reportagem solicitou acesso ao documento que determinou as mudanças, o que foi negado pela Polícia Civil.
Além das transferências, os investigados foram destinados para delegacias diferentes. As decisões foram oficializadas no Diário Oficial Eletrônico Minas Gerais (DOE), nesta quarta-feira (12).
O delegado, agora, passa a atuar na unidade de Belo Vale, enquanto o investigador na delegacia de Congonhas, ambas na região Central de Minas Gerais. Essa é a segunda transferência dos servidores desde a morte da escrivã e o início das investigações.
No dia 23 de junho, o delegado e o investigador, que trabalhavam com Rafaela na delegacia de Carandaí, foram transferidos juntos para a Delegacia Regional de Polícia Civil de Conselheiro Lafaiete. Na ocasião, a mudança do delegado foi "a pedido", enquanto a do investigador foi por determinação da polícia.
Investigação
Em pronunciamento da Polícia Civil de Minas Gerais, realizado no dia 15 de junho, o delegado Alexsander Soares Diniz, titular na Delegacia de Barbacena responsável por conduzir a investigação até a data, afirmou que não existiam registros formais referentes a casos de assédio moral na região. No entanto, as investigações são conduzidas com o objetivo de identificar se esses episódios de violência foram relatados em alguma oportunidade.
"Não chegou nenhuma reclamação formal ao meu conhecimento, mas o inquérito policial verifica isso. Se houve algo e em que consistia essa denúncia", disse o delegado, que afirmou que a investigação ocorre de forma isenta e profissional. "A minha gestão é de portas abertas. Temos hierarquia e disciplina em que temos que obedecer algumas regras. Mas sempre estive disponível aos policiais", garantiu.
Até a data do pronunciamento, seis dias após a morte da escrivã, nenhum servidor havia sido afastado suspeito de assediar a escrivã. No entanto, materiais foram apreendidos, como o celular dela, e diligências foram realizadas na cidade de Carandaí, onde Rafaela Drumond atuava.
"Temos que pensar antes de afastar alguém. Um mero afastamento sem lastro legal pode ser judicializado. O inquérito policial irá chegar nessa resposta no tempo certo. Tudo isso é feito por etapas", justificou na ocasião.