A campanha nacional de vacinação contra a gripe começou nesta segunda-feira (12) em todo o país. Mas diferentemente dos anos anteriores, quem procurou os postos de saúde em Belo Horizonte e Contagem, na região metropolitana, encontrou a maioria dos locais vazios e sem filas.
Isso porque, neste ano, os idosos não serão vacinados no início da campanha: o primeiro grupo inclui crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias, gestantes, puérperas e trabalhadores da saúde, além de povos indígenas. A estratégia foi alterada para que não haja aglomeração entre os grupos prioritários da vacina contra a Covid-19. A previsão é que os idosos sejam imunizados contra a gripe somente no início de maio, segundo o Ministério da Saúde.
Em Contagem, na região metropolitana, a procura entre aqueles que poderiam se vacinar contra a gripe foi pequena na manhã desta segunda-feira (12). Nesta primeira etapa, a estimativa da prefeitura é imunizar 193 mil pessoas, sendo 43 mil crianças e 150 mil adultos. Atualmente, 35 salas de vacinação estão disponíveis na cidade, de segunda a sexta, das 8h às 16h.
Grávida de oito meses, a professora, Rhamayana Carvalho Gomes, 29, foi até ao Centro de Saúde, no bairro Eldorado. Ela escolheu ir no horário do almoço para evitar longas filas. "Estava super tranquilo. Imaginei que estivesse mais vazio mesmo até pelo horário e por ter menos pessoas aptas a vacinar neste grupo. Eu não sei quando vou poder tomar a vacina contra o coronavírus, mas não será tão cedo, porque depois vou amamentar, então, acho fundamental me proteger contra a gripe e evitar parar em um hospital", afirmou.
Rhamayana foi se vacinar na companhia do marido, Luiz Carlos Alves, 37. Técnico em radiologia, ele também pode se imunizar contra a influenza. "Já me vacinei contra o coronavírus por ser da área da saúde, mas a vacina da gripe é fundamental. Ela é muito rica, protege contra diferentes tipos de cepas. Profissionais de saúde têm contato com diversas pessoas e doenças, então, é impotantíssimo", ressaltou.
Segundo a prefeitura de Contagem, a estratégia utilizada na cidade para evitar longas filas tem sido separar as salas de vacinação entre Covid e Influenza. As salas rotinas que atendem gestantes e crianças foram destinadas para a vacinação da gripe. Já os trabalhadores de saúde serão imunizados no próprio local de trabalho.
A cidade pretende ainda firmar parcerias com universidades para fazer a vacinação também no período noturno.
BH
De acordo com o Diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da prefeitura de Belo Horizonte, Paulo Roberto Correa, na capital, a PBH também estuda ampliar os locais de vacinação contra a gripe para que não haja risco de aglomeração. Atualmente, a população pode procurar qualquer centro de saúde para se vacinar, exceto as unidades 24 horas que apoiam as UPAs.
"Estamos seguindo a orientação de idade e dos grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Neste primeiro momento são poucas pessoas incluídas, o maior grupo será o de idosos. Por isso, estudamos abrir postos extras quando isso se iniciar. A ideia é firmar parcerias com instituições privadas, como escolas e faculdades, para ampliar os locais de vacinação contra a gripe", explicou.
Belo Horizonte não estuda inicialmente também realizar um dia D para a vacinação contra a gripe devido a possíveis aglomerações e as poucas doses recebidas pelo Ministério da Saúde.
No município, a estimativa é que sejam vacinados contra a gripe nesta etapa cerca de 3 mil crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias; 22 mil gestantes; 3 mil puérperas e cerca de 105 mil trabalhadores da saúde que atuam em hospitais, SAMU, Centros de Saúde e UPAs. A meta da PBH é vacinar 90% do público.
A advogada Ana Carolina Costa, 33, se confundiu e acabou levando a mãe, de 82 anos, para se vacinar nesta segunda-feira (12) em um posto de saúde no bairro Floresta, na região Leste de Belo Horizonte. "A sorte é que estava vazio e não tinha aglomereação. Perdi a viagem, mas em maio voltamos", afirmou.
Vacinação
A meta, segundo o Ministério da Saúde, é imunizar 79,7 milhões de pessoas em todo o país até 9 de julho. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde estima que 8,4 milhões de pessoas estejam incluídas nos grupos prioritários para a vacinação contra a gripe, que ainda irá imunizar professores, agentes de seguranças, pacientes com doenças crônicas, além dos idosos. A previsão é que 90% dessa faixa seja vacinada no Estado até o fim de julho.
Até o momento, o governo federal enviou ao Estado 663.800 doses. Belo Horizonte já recebeu 86.800 vacinas contra a gripe. O restante o Ministério da Saúde irá repassar de forma escalonada.
Abaixo, esclareça algumas das dúvidas mais frequentes sobre a vacinação contra a gripe.
Quem pode tomar a vacina da gripe? E qual o calendário?
O governo fornece gratuitamente a vacina da gripe a grupos prioritários que serão divididos em três etapas em 2021, na seguinte ordem:
- Primeira etapa (12.4 a 10.5)
Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias);
Gestantes
Puérperas (mulheres em resguardo)
Povos indígenas
Trabalhadores da saúde
- Segunda etapa (11.5 a 8.6)
Idosos com 60 anos ou mais
Professores das escolas públicas e privadas
- Terceira etapa (9.6 a 9.7)
Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais
Pessoas com deficiência permanente
Forças de segurança e salvamento
Forças armadas
Caminhoneiros
Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso
Trabalhadores portuários
Funcionários do sistema prisional
Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade
Não faço parte do grupo prioritário. Posso me vacinar? Quanto custa a vacina na rede particular?
Gratuitamente, apenas no caso de sobra de vacinas, após o período da campanha, grupos não prioritários podem ser vacinados. Por outro lado, laboratórios particulares oferecem a vacina a doses que custam entre R$ 120 e R$ 180 em Belo Horizonte. Nesse caso, não é preciso fazer parte de grupos prioritários.
A rede pública trabalha com a vacina trivalente, enquanto a rede privada tem a trivalente e a tetravalente. A diferença é que a tetravalente protege para um tipo a mais do vírus influenza que a trivalente, ou seja, de forma mais abrangente. No futuro, todas as vacinas serão tetravalentes.
Quem teve Covid pode tomar a vacina contra a gripe?
É recomendado que a vacinação contra gripe seja adiada em pessoas com quadro sugestivo de infecção por Covid-19 em atividade, para evitar confusão com outros diagnósticos diferenciais. Este adiamento deve se resumir em pelo menos quatro semanas após os primeiros sintomas. De toda forma, de acordo com o Ministério da Saúde, é improvável que a vacinação contra gripe de indivíduos infectados por coronavírus (em período de incubação) ou assintomáticos tenha um efeito prejudicial.
Se precisar escolher uma para tomar primeiro (gripe ou Covid-19), qual devo escolher?
A orientação é escolher a vacina contra a Covid-19, no caso de pessoas que fazem parte de grupo prioritário comum, como idosos, por exemplo. Portanto, se o indivíduo tiver a perspectiva de ser vacinado contra a Covid-19 em breve, deve esperar para fazer a da gripe.
Tomei a vacina contra a Covid-19. Posso me vacinar?
A população sempre deve priorizar a vacinação contra o coronavírus e respeitar um intervalo mínimo de 14 dias entre a aplicação das duas vacinas, segundo orientação do Ministério da Saúde, uma vez que não há estudos conclusivos sobre a administração das vacinas contra as duas doenças ao mesmo tempo. O prazo se aplica independentemente se foi a primeira ou a segunda dose contra o coronavírus. O intervalo deve ser respeitado independentemente de qual imunizante foi tomado (CoronaVac ou AstraZeneca).
Exemplo: o paciente que tomar a primeira dose da vacina contra o coronavírus, pode tomar a da Influenza após 14 dias e depois esperar mais 14 dias para tomar a segunda dose do imunizante contra a Covid. O mesmo vale para a situação contrária. Se você tomar a vacina contra a gripe primeiro, o intervalo mínimo continua sendo de 14 dias para tomar o imunizante contra o coronavírus.
A vacina contra a gripe pode ajudar em casos de Covid-19?
O imunizante contra o coronavírus não é capaz de produzir anticorpos contra a influenza (vírus da gripe). Porém, ao se vacinar contra a gripe, o indivíduo reduz a chance de ter sintomas que possam ser confundidos com os da Covid-19.
Qual será o Dia D da vacinação?
Cada município terá autonomia para escolher as datas de mobilização. Belo Horizonte não definiu se fará esse dia, devido a possíveis aglomerações e quantidade de doses recebidas pelo Ministério da Saúde.
Onde se vacinar contra a gripe em BH?
Os profissionais de saúde serão atendidos nas próprias instituições onde trabalham. Já o restante da população pode procurar qualquer centro de saúde para se vacinar, exceto as unidades 24 horas que apoiam as UPAs. Confira a lista dos postos disponíveis no site da prefeitura. A Prefeitura de BH estuda a possibilidade de estabelecer convênio com instituições privadas, como escolas e faculdades, para ampliar os postos de vacinação contra a gripe e evitar possíveis aglomerações.