Tensão

'Que renuncie antes de ser renunciado', diz FHC sobre Bolsonaro

Fernando Henrique Cardoso pede, pelo Twitter, que o presidente poupe os brasileiros de um longo processo de impeachment

Por Daniele Franco
Publicado em 24 de abril de 2020 | 14:39
 
 
fhc Foto: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo - 6.3.2018

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso usou o Twitter nesta sexta-feira (24) para comentar sobre o impacto da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). "É hora de falar. Pr está cavando sua fossa. Que renuncie antes de ser renunciado. Poupe-nos de, além do coronavírus, termos um longo processo de impeachment.", opinou.

FHC ainda disse que o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, deveria assumir a cadeira de chefe do executivo para que o país volte ao foco de melhorar as situações da saúde e de emprego. "Menos instabilidade, mais ação pelo Brasil".

É hora de falar. Pr está cavando sua fossa. Que renuncie antes de ser renunciado. Poupe-nos de, além do coronavírus, termos um longo processo de impeachment. Que assuma logo o vice para voltarmos ao foco: a saúde e o emprego. Menos instabilidade, mais ação pelo Brasil.

— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) April 24, 2020

A crise institucional no governo de Jair Bolsonaro, que já vinha crescendo desde o início da pandemia do novo coronavírus, se intensificou nesta sexta-feira, quando Sergio Moro anunciou em um longo pronunciamento os motivos de sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O estopim para a crise na relação entre Bolsonaro e Moro foi a exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O ex-ministro afirmou em pronunciamento nesta sexta-feira que ficou sabendo da exoneração por meio do Diário Oficial da União, onde foi publicada a ordem. A assinatura eletrônica de Moro, no entanto, estava no documento.

Ao comunicar a decisão, no fim da manhã, ele apontou uma série de atitudes do presidente que divergiam do que ele se propôs a fazer no cargo. Entre elas, o ex-ministro citou tentativas de Bolsonaro de interferir na Polícia Federal. Segundo ele, o presidente queria uma autoridade dentro da PF com quem pudesse ter interlocução direta e acesso a informações sobre investigações. "Percebendo que essa interferência política pode levar a relações impróprias entre o comando da PF e o presidente, eu não posso concordar", afirmou.