Com a premissa de, até setembro deste ano, tornar viável a vacinação de todos os brasileiros contra a Covid-19, o movimento Unidos Pela Vacina, que reúne mais de 3.000 voluntários, entre artistas, atletas, cientistas e representantes de entidades, de empresas, de associações e de organizações não governamentais, iniciou a distribuição de câmaras frias para o armazenamento de imunizantes, um gargalo que levava à perda de doses por falta de local adequado de conservação.
Em Minas Gerais, a expectativa é fornecer ou garantir a manutenção de unidades de armazenamento para aproximadamente 600 das 853 cidades do Estado, aumentando a capacidade vacinal dessas localidades. “Nosso objetivo é ajudar prefeituras a se prepararem para que, quando a vacina chegar, ela possa ser aplicada no braço das pessoas”, resume Patrícia Tiensoli, detalhando que cerca de 200 cidades mineiras dispensaram a ajuda por já possuírem logística suficiente para o recebimento e a aplicação das doses de imunizantes contra o coronavírus.
Representante em Minas do Grupo Mulheres do Brasil, entidade que defende o protagonismo feminino nos negócios e na política e que é presidida por Luiza Helena Trajano, empresária e presidente do conselho da rede Magazine Luiza, Patrícia coordena, ao lado do empresário Rafael Menin, diretor da construtora MRV, as ações do Unidos Pela Vacina em Minas.
Apoio. A cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi uma das primeiras contempladas pela ação voluntária. O município, apadrinhado justamente pela MRV, recebeu, na última terça-feira, quatro câmaras frias, que foram alocadas em locais que ainda não possuíam salas de vacinas. Estima-se que o reforço seja suficiente para aumentar em 16% a capacidade de imunização do município.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também integra o movimento Unidos Pela Vacina. A instituição informa que comprou 350 câmaras frias, que devem beneficiar cerca de 275 cidades mineiras. Do total, 57 dispositivos de conservação já foram distribuídos. Segundo a Fiemg, a expectativa é que 200 sejam entregues até o dia 20 de junho.
Outras centenas de instituições privadas e do terceiro setor estão apoiando a iniciativa, entre as quais aparecem as companhias aéreas Azul, Gol e Líder Aviação, a confederação de cooperativas médicas Unimed, a rede de serviços funerários Grupo Zelo, a transportadora Patrus e a produtora de celulose branqueada Cenibra.
O movimento Unidos Pela Vacina surgiu por iniciativa do Grupo Mulheres do Brasil e reúne, nas coordenações estaduais, uma representante da entidade e uma liderança empresarial.
Mapeamento e distribuição
Patrícia Tiensoli explica que, em sua primeira fase, a iniciativa mapeou, por meio de um formulário, quais eram os principais gargalos para a vacinação em todos os 5.568 municípios brasileiros. Apenas uma cidade, Porto Feliz, em São Paulo, não respondeu.
“A partir do levantamento desses dados, buscamos estruturar como poderíamos ajudar”, explica. Uma queixa comum à maioria das prefeitura dizia respeito à falta de seringas e de agulhas.
“Entendemos que o governo do Estado tem obrigação e condição de oferecer esses itens, então informamos sobre essa demanda recorrente à administração estadual, que passou a se encarregar de responder a esses pedidos”, sublinha, destacando que o movimento Unidos Pela Vacina tem caráter apartidário e busca estabelecer diálogo com todos os entes, tendo a transparência como premissa fundamental.
“Temos auditores externos que acompanham nosso trabalho”, explica a representante do Grupo Mulheres do Brasil em Minas, que, aliás, participava de uma auditoria quando, assertiva, falou com a reportagem por videochamada.
Revalidação
Na atual fase do projeto, além de iniciar a distribuição das câmaras frias, há um esforço de revalidação dos dados no sentido de identificar locais que demandem um volume maior de equipamentos. “Sabemos que, no Norte de Minas, que concentra territórios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo, a necessidade pode ser maior”, diz Patrícia Tiensoli.
Em outra frente, o grupo pensa em estratégias para a utilização de dispositivos de armazenamento com defeitos que possam ser corrigidos. “Muitos municípios descreveram que possuíam câmaras frias, mas que elas estavam com problemas. Como prezamos por aproveitar o que já existe, estamos verificando se esses equipamentos podem ser consertados, até para que, ao final, isso não vire entulho”, indica.
PNI. Patrícia sublinha que o contato do movimento é feito diretamente com secretarias de saúde e prefeituras municipais. Contudo, nada do que é feito está fora ou diverge do Plano Nacional de Imunização (PNI).