A ideia de uma artista australiana para combater a sexualização de crianças está fazendo sucesso na internet. Ela propõe a naturalização de bonecas, removendo toda a maquiagem e mostrando a feição natural que possuem por meio do projeto Tree Change Dolls, criado em 2015.
A iniciativa, desenvolvida por Sonia Singh, substitui a beleza padrão reproduzida nos brinquedos por algo mais realista, que se aproxime do dia a dia infantil. “Essas bonecas têm rostos com características exageradas. Decidi pintar os rostos para parecerem mais com pessoas reais – o tipo de boneca que eu adoraria brincar quando criança”, afirma.
Juntamente com as alterações faciais, a artista cria roupinhas costuradas à mão juntamente com sua mãe, que faz peças de crochê. Os modelos feitos seriam mais confortáveis do que as minissaias e calças justas usadas pelas bonecas.
Artesanal
O processo de customização de cada brinquedo pode levar dias. Segundo a artista australiana, as etapas são realizadas com até dez unidades de uma vez. A média, por mês, pode chegar a 20 modelos exclusivos.
O resultado dos trabalhos é fotografado pela própria Sonia e divulgado nas redes sociais. Geralmente, as bonecas estão em situações cotidianas vividas pelo público infantil. “A aparência delas corresponde exatamente àquilo que as crianças gostam de fazer: subir em árvores, balançar em pneus e brinca na rua”, diz.
As bonecas estão disponíveis para venda no site www.treechangedolls.etsy.com e já foram compradas por pessoas dos EUA, da Alemanha e até do Brasil. O preço tem como base o dólar australiano, e cada unidade pode custar entre R$ 400 e R$ 750.
Além de contribuir socialmente com o combate à sexualização infantil, o projeto tem perfil solidário. “Doo 10% da venda de cada boneca para a caridade. Apoio organizações que defendem os direitos da mulher e da criança”, afirma Sonia.
De acordo com a psicóloga Renata Dualibi, iniciativas como essa mostram a importância da infância para o desenvolvimento humano. “É uma fase que deve ser vivida dentro do seu tempo, sem nenhum tipo de encurtamento. Vivê-la de forma equivocada pode confundir a criança, pois corre-se o risco de criar um adulto que ainda não existe”, esclarece Renata.