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Cientistas produzem bonecos ‘reais’ de dinossauros brasileiros

Cansada de brinquedos malfeitos, equipe lança coleção com detalhes; primeiro tupiniquim, o Carcharodontosaurus deve chegar ao mercado em setembro

Qui, 13/06/19 - 06h00
Textura da pele do boneco do dinossauro é uma das características refinadas pelos cientistas | Foto: Dinohazard / Divulgação

Cansado de ver tiranossauros e brontossauros genéricos e malfeitos infestando as lojas de brinquedos do país, um time de paleontólogos resolveu produzir suas próprias réplicas de dinos, com design cientificamente correto e retratando espécies típicas do Brasil pré-histórico. 

O primeiro representante genuinamente tupiniquim da Era dos Dinossauros, o superpredador Carcharodontosaurus, deve começar a chegar às mãos dos compradores em setembro, diz o pernambucano Tito Aureliano, mestrando em geociências pela Unicamp e um dos coordenadores do projeto, batizado de Dino Hazard Brinquedos Colecionáveis. 

Aureliano e outros dois colegas, Aline Ghilardi, pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Rafael Delcourt, que também realiza pesquisas de pós-doutorado na Unicamp, são os responsáveis pelo selo de qualidade científica dos bonecos. 

Os pequenos monstros de plástico idealizados pelo trio e pelo paleoartista Hugo Cafasso já ultrapassaram a meta de R$ 22 mil estabelecida em seu site de financiamento coletivo, o que significa que a produção dos primeiros dinossauros (cerca de mil unidades) já está garantida. 

“A gente quer exportar a nossa ciência de um jeito diferente, na forma de um produto”, resume Aureliano. De fato, é quase impossível achar brinquedos inspirados na fauna extinta do Brasil, e são igualmente raros os bonecos que sejam representações fiéis de qualquer tipo de dinossauro. “Como a paleontologia de dinossauro tem avançado a passos largos, a gente quer refletir esse conhecimento mais recente nas réplicas”, diz o pesquisador.

Refinamento

Detalhes como a textura da pele, as nervuras perto do focinho e pequenas áreas recobertas com formas primitivas de penas estão entre as características refinadas pelo trabalho do grupo.

Além disso, o parentesco entre dinos e aves (elas, no fundo, não passam de dinossauros bípedes de pequeno porte) transparece no aspecto de frango do boneco. Ele parece um pouco inchado, mas não, se trata de gordura, é a presença de sacos de ar, como nas aves. 

Com cerca de 100 milhões de anos, o Carcharodontosaurus é um dos maiores carnívoros de todos os tempos. O bicho podia ultrapassar os 13 m de comprimento e chegar às 15 t. Seus fósseis – em geral bastante fragmentados – aparecem tanto no norte da África quanto no Maranhão (é preciso lembrar que, na época, o Atlântico ainda estava se abrindo, depois de dezenas de milhões de anos nos quais África e América do Sul fizeram parte do mesmo supercontinente).

Livros, quadrinhos e games

Além de ampliar a coleção de bonecos de espécies brasileiras, Tito Aureliano está trabalhando em dois livros de ficção científica ligados a esse universo (a primeira parte da trilogia, “Realidade Oculta”, saiu em 2016 e está sendo publicada de forma independente em espanhol e inglês). 

Também estão sendo preparadas versões em quadrinhos, produzidas pelo artista Márcio Castro, e videogames inspirados na saga. 

Interessados em contribuir com o projeto vão receber, como recompensa pelo apoio, exemplares do dinossauro brasileiro. É possível contribuir no site www.kickante.com.br/campanhas/dinohazard-collectibles.

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