A aproximação do inverno no contexto da pandemia da Covid-19 acende um alerta para o risco de aumentar os números das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). O último boletim da Fiocruz, publicado no dia 28 de maio, revelou que o país vive uma tendência de crescimento dessas síndromes. Para evitar o aumento dos casos dessas síndromes, incluindo a Covid-19, o médico pneumologista e presidente da sociedade mineira de pneumologia e cirurgia torácica, Marcelo Fuccio, deixa algumas dicas de saúde. O especialista também orienta sobre como diferenciar quando o problema pode se tratar de alguma virose respiratória, ou de alergia.

O primeiro alerta do médico Marcelo Fuccio é sobre a vacinação, seja ela contra a gripe, ou contra a Covid-19, para os grupos já contemplados. Sobre a imunização contra a influenza, Fuccio ressalta que, mesmo as pessoas que não estão contempladas nos grupos do Plano Nacional de Imunização para a campanha de 2021, deveriam buscar se vacinar de forma particular. “A vacina é essencial, e, no caso da que é aplicada contra a influenza, não tem problema da pessoa ficar doente a usando porque o vírus é inativado. Quem puder se vacinar, eu indico. Mesmo as pessoas que não estão contempladas na vacinação pelo SUS, se puderem, deveriam se vacinar”, orienta.

Diferença

Segundo Fuccio, os primeiros sintomas podem fazer com que as pessoas confundam viroses respiratórias (incluindo a Covid-19) com alergias. Secreção ou obstrução nasal, garganta arranhando, tosses ou espirros são alguns desses sinais, explica o médico. “ A Covid-19, assim como a gripe é uma doença viral e os sintomas inicialmente podem ser muito parecidos, Já as alergias são reações a fatores externos. As viroses respiratórias podem causar sintomas mais leves ou até mortais. Se ela vai virar uma gripezinha boba, ou chegar a um sintoma pior só o tempo vai dizer”, explicou o especialista.

A grande diferença entre esses problemas, segundo o médico, é que as viroses respiratórias evoluem para sintomas que indicam a presença de infecção, como febre e dores no corpo. Já as manifestações alérgicas tendem a desaparecer quando a pessoa deixa de ter contato com o que faz desenvolver a crise, como poeira, por exemplo. "O alerta deve ser acionado quando a pessoa começar a ter febre, mal estar, dores no corpo. Se os sintomas forem brandos é bom esperar entre dois a três dias antes de buscar ajuda médica. A orientação de especialistas por telefone, ou as consultas remotas também podem ser uma boa solução para evitar o deslocamento neste tempo de pandemia”, orienta.

Para Fuccio, ir ao médico nos primeiros sintomas não é recomendado. Ele também pede atenção para não adiar muito a ida ao profissional. “Os dois extremos são problemáticos: ir ao médico sem tanta necessidade é um risco de se infectar no próprio consultório ou no deslocamento. Mas, ir também tarde demais pode acarretar mais problemas”.

Medidas para evitar

Manter a ventilação em casa, deixar o ambiente limpo e sem poeira podem evitar tanto as viroses respiratórias, quanto as alergias, explica Fuccio. O especialista explica também o motivo pelo qual essas doenças são mais recorrentes durante o outono e no inverno. "A transmissibilidade dessas viroses nesse período são maiores porque as pessoas mantêm os espaços mais fechados. Não é só o frio que faz as pessoas ficarem doentes, mas os ambientes fechados”, ressalta.

No caso das alergias, o especialista orienta que, além de manter o ambiente limpo e arejado, os animais domésticos devem ter um espaço próprio e ventilado para ficarem. 

“ As alergias não são uma infecção, mas, uma reação ao fator que causa o mal. Por isso,  o primeiro passo é manter a casa limpa, sem poeira. Colocar os agasalhos no sol ou lavá-los antes de iniciar o uso, já que eles costumam ficar um período guardados até a chegada do frio. Evitar acúmulo de pelos e dos animais. Separar um espaço fora do quarto para o animal, de preferência um local mais arejado para evitar o contato com pelo ou com a pena, no caso de aves”, orienta o médico.

Para as viroses respiratórias, onde entram a gripe e o coronavírus, o pneumologista também traz orientações. “ As mesmas medidas para evitar a Covid devem ser usadas também para evitar outras viroses respiratórias. Não entrar em contato com pessoas potencialmente contaminadas; manter o ambiente doméstico ou de trabalho ventilado; ficar atento aos hábitos de higiene, e usar a máscara de forma correta reduz essas infecções”, diz.

“A máscara ideal é a tecnologia N-95. Mas, caso não seja possível ter esse tipo de proteção, é bom usar a que tiver de forma correta no rosto para que partículas sejam retidas”.

Dicas:
Viroses respiratórias (entre elas a gripe e Covid-19):

  • A transmissão ocorre por via respiratória após contato com outra pessoa ou o agente que está com o vírus.

Como evitar:

  • Não entrar em contato com pessoas potencialmente contaminadas.
  • O ambiente deve ficar ventilado. 
  • Usar a máscara de proteção facial corretamente.
  • O uso de chás é bom para hidratar, mas não está diretamente associado a combater gripes ou alergias.

Alergias: 
Não é uma infecção, mas uma reação ao fator que causa o mal.

Como evitar:

  • Manter a casa limpa, sem poeira. 
  • Colocar os agasalhos no sol antes do uso. 
  • Lavar ou colocar o cobertor no sol antes de usar, quando estiver guardado por muito tempo.
  • Manter a casa ventilada (aberta). 
  • Evitar acúmulo de pelos e dos animais. 
  • Separar um espaço fora do quarto para o animal, de preferência um local mais arejado para evitar o contato com pelo ou pena. 
  • A pessoa que tem o animal doméstico deve ter uma atenção redobrada com a limpeza do ambiente.