Doméstico

Pesquisa nega senso comum: gato prefere as pessoas à comida

Veterinária diz que felino expressa emoções de modo mais sutil do que cão

Sex, 31/03/17 - 03h00
Inseparáveis. Mirian tem dez gatos em casa e dois deles a acompanham por toda parte, inclusive no trabalho | Foto: Alex de Jesus

Gatos são antissociais, interesseiros e não demonstram amor aos donos. A má fama do bichano já é antiga. Mas a ciência prova o contrário: o felino é legal, sim, e prefere os humanos à comida. É o que garante uma pesquisa divulgada nesta semana nos Estados Unidos.

A pesquisa desenvolvida pelos cientistas da Universidade do Oregon juntou 50 gatos (tanto domésticos quanto de abrigos) durante algumas horas dentro de uma sala sem qualquer tipo de estímulo como contato com humanos, brinquedos ou comida. Ao serem soltos, eles foram colocados em outra sala dividida em quatro quadrantes, cada um com algo para chamar atenção dos animais. Havia comida, lenço com cheiro agradável, brinquedo e, por último, um ser humano sentado. Exatamente 50% deles seguiram em direção ao rapaz, enquanto apenas 37% optaram por se aproximar do alimento.

O estudo mostrou que não houve diferença entre os resultados alcançados com os gatos domésticos e aqueles vindos de abrigo. Segundo os pesquisadores, a grande intenção foi tentar entender melhor o comportamento felino para oferecer métodos mais avançados de adestramentos e até poder promover ambientes mais favoráveis à criação.

Na opinião da veterinária Mirian Ifer – dona de uma clínica que atende exclusivamente os felinos –, a má fama do gato pode estar associada ao modo que o bichano demonstra os sentimentos. “É inegável que eles gostam das pessoas. Os gatos apenas têm uma forma diferente de externar esse carinho. Por exemplo, enquanto um cachorro pula, brinca e abana o rabo, o gato é sutil, delicado e educado até para demonstrar o que sente, se enroscando na perna do dono ou se esfregando devagar em alguma parte do corpo dele”, explica. Ela tem dez gatos e dois a acompanham sempre, inclusive no trabalho.

Companhia. Há um ano, a família da professora Maria Luiza Vieira teve a vida modificada depois da chegada de uma gatinha chamada Lola. Bernardo, 4, e Clarice, 7, não desgrudam um minuto da mascote. De acordo com a mãe, o xodó começou antes mesmo da adoção. “Eles já estavam pedindo um animal de estimação há um bom tempo. Pesquisei bastante e descobri que os gatos são ótimas companhias para crianças e bastante silenciosos e higiênicos, o que se tornou perfeito porque moramos em apartamento”, diz. A gata foi adotada por meio de uma ONG que cuida de animais abandonados e deve ganhar companhia em breve. “Meus filhos não largam dela, e, por isso, pensamos em adotar outro gatinho ainda neste ano”, conta Maria Luiza.

Assim como a família de Maria Luiza, muitos brasileiros têm se apaixonado pelos gatos. Dos 132 milhões de animais domésticos no país, eles já são 22,1 milhões, perdendo apenas para os cães e as aves, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

Lições. “Ter um gato é uma lição de respeito e de amor. Aprendemos a respeitar o limite dele e sua personalidade. Aprendemos, também, que o amor não precisa ser sempre algo efusivo”, diz a veterinária Mirian Ifer.

FOTO: Arquivo Pessoal
Bernardo e Clarice se apaixonaram pela gata Lola e já querem outro bichano

Características e curiosidades felinas

Comportamento. Gatos são animais independentes e se adaptam aos locais.

Higiene. Eles se limpam o tempo todo. O banho é necessário apenas uma vez por mês e só naqueles que têm pelo longo.

Alimentação. Por serem carnívoros, a alimentação felina deve ser bem balanceada, ou seja, a ração oferecida precisa ter carne em seu conteúdo.

Hidratação. Esses animais têm grande necessidade de ingerir líquidos, podendo desenvolver problemas renais se não são bem hidratados.

Silêncio. Os gatos, por terem comportamento sutil, preferem agir de maneira silenciosa no dia a dia.

Caça. O bichano é um caçador nato e precisa ser protegido, principalmente dentro de apartamentos. O indicado é colocar grades ou telas nas janelas, para que ele não se acidente ao correr atrás de alguma presa. 

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.