Produção científica

UFMG divulga, em plataforma, ‘balbúrdia’ de pesquisadores

Termo usado pelo ministro da Educação virou inspiração para universidades e estudantes

Por Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2019 | 03:00
 
 
UFMG Foto: Leo Fontes - 22.5.17

Brasília. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, ressuscitou a “balbúrdia”, a palavra. O termo, que já saiu da boca de personagens shakespearianos e outros clássicos, e andava meio esquecido no meio de tanta “confusão”, “alvoroço”, “escarcéu” e “zoeira”, ganhou força ao ser usado como uma das justificativas para o corte de recursos das federais.

“Universidades que, em vez de procurarem melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas”, disse o ministro no último dia 30. Essa declaração, evidentemente, causou “alarido”. Tão logo a “balbúrdia” foi ganhando o noticiário, os alunos das universidades federais trataram de reinterpretá-la.

Parte dessa “balbúrdia”, por exemplo, está relatada no perfil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no Instagram – @ufmgpesquisa. A ideia é mostrar para a sociedade a relevância das contribuições das instituições para o dia a dia. São pesquisas de diversas áreas do conhecimento. Uma delas, em desenvolvimento pelo Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas, estuda sistemas de tratamento de água de baixo custo para locais críticos, como regiões áridas ou que passaram por algum tipo de desastre ambiental.

Métodos agrícolas avançados de combate à erosão, desenvolvimento de gestão e inovação na área da saúde, projeto de valorização e registro da história humana em locais históricos, como a cidade de Tiradentes, entre outros, são temas trabalhados por pesquisadores e alunos da universidade.

Estudantes de instituições como a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras, criaram perfis no Instagram batizados de “balbúrdia” seguido da sigla da instituição, como @balburdiaufrj ou @balburdiaufpe.

Os universitários estão usando esses perfis para divulgar a produção científica das próprias universidades e as ações que aproximam o mundo acadêmico da população. “Quando a sociedade concorda com o ministro, quando ele diz que nas universidades o que se faz é balbúrdia, é porque as pessoas não sabem o que acontece dentro da instituição. Então, resolvemos divulgar e dar publicidade a tudo de bom e importante que acontece aqui dentro”, disse Ítalo Monteiro, aluno do curso de odontologia da UFPE.

Eventos surgem como reação

Brasília. Em Minas, estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão programando uma “feira da balbúrdia”, que deve funcionar como uma feira de ciências e envolver toda a comunidade acadêmica.

Na Universidade Estadual do Ceará (Uece), os alunos também estão se organizando. Apesar do teor político, a “balbúrdia” será o tema de diversos encontros e festas universitárias nos próximos meses.

Para o dia 1º de junho, já está programada para a Arena Futebol Clube, em Brasília, a Festa da Balbúrdia – com entrada gratuita para alunos da UnB. A descrição do evento é a seguinte: “É chegada a hora de mostrar o tamanho da balbúrdia que a gente consegue fazer. Se é balbúrdia que eles querem, é balbúrdia que eles vão ter”.

Alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) promoveram, no último sábado, uma ação no centro de Recife. O corpo a corpo foi chamado de “Dia Nacional da Balbúrdia” e teve como ideia central mostrar para a população o resultado de pesquisas científicas que são produzidas dentro do ambiente acadêmico. Ação parecida aconteceu em Brasília, na UnB.

Palavra do ano?

O Brasil tem escolhido sua Palavra do Ano desde 2016. “Balbúrdia” será o termo eleito em 2019?

“O contexto em que ela foi citada e o fato de ter sido usada por um ministro podem influenciar o uso, significado ou desuso do termo”, diz o idealizador da Palavra do Ano, Leandro Machado.

Os termos já eleitos foram: indignação (2016), corrupção (2017) e mudança (2018).