Esotérico

Um olhar espiritual sobre nossa humanidade

Ninguém É de Ninguém, do diretor Wagner de Assis, estreia nos cinemas no próximo dia 20

Por Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2023 | 03:00
 
 
Danton Mello e Carol Castro protagonizam filme que fala de relacionamentos abusivos e obsessão Foto: Cinética Filmes/Divulgação

“O amor de verdade cura todas as imperfeições humanas, sara as dores e cicatriza as feridas”. Esta é a tônica do filme “Ninguém É de Ninguém”, de Wagner de Assis, diretor, roteirista e produtor, que também assina “Kardec” e “Nosso Lar”. O filme estreia no próximo dia 20 nas salas de cinema de todo o Brasil e foi inspirado no best-seller homônimo de Zíbia Gasparetto, ditado pelo espírito de Lucius, um sucesso com mais de 1 milhão de cópias vendidas. 

O filme é um romance dramático com pitadas de suspense sobrenatural e um viés espiritual. Dois casais – Gabriela, vivida por Carol Castro, e Roberto, interpretado por Danton Mello; e Renato, protagonizado por Rocco Pitanga, e Gioconda, por Paloma Bernardi – vivem vidas relativamente estáveis até o momento em que seus destinos se entrelaçam. Uma história de amor descontrolado e relações abusivas, mas também de obsessão, cura e perdão.  

Este é o primeiro filme do diretor Wagner de Assis inspirado em um livro de Zíbia, lançado em 2002 e com uma narrativa que se passa em 1952. “Ainda hoje vivemos e sofremos com os mesmos temas da história. E foi essa atualidade que me chamou atenção junto ao fato de que a obra de Zíbia namora muito com o audiovisual, é positivamente folhetinesca, de fácil entendimento e se alicerça em personagens muito reais”, comenta o diretor, que já pensa em filmar “O Advogado de Deus” e “Laços Eternos”. 

Relações abusivas, obsessão, ciúmes, possessividade, aspectos de psicopatia estão no livro. “No filme tive um olhar espiritual sobre esses problemas, que ainda perduram numa sociedade machista e patriarcal. Como contemplar esses temas pelo viés espírita? Somos o resultado de onde viemos e do que fizemos. Nossas escolhas vão interferir em nosso futuro. O bacana é olhar o mundo e essas histórias sob essa ótica espiritualista e fazer com que tudo isso seja compreensível para todas as pessoas”, argumenta Assis.  

O cineasta diz que é transformador ter um olhar espiritualista sobre um tema absolutamente humano. “Por outro lado, o filme apresenta uma história sobre perder o medo e o medo de perder. É uma história sobre saúde mental, enfermidades da alma, processos obsessivos e possessivos”. 

Assis comenta que a doutrina espírita dá explicações sobre isso, mas o filme explora e propõe reflexões sobre o entendimento das relações humanas e dispara alguns gatilhos, trazendo, no final das contas, uma mensagem muito importante: “se você conseguir buscar em si mesmo as transformações necessárias, dias melhores virão, como diz a música do Jota Quest, que finaliza o filme. Quando a arte evoca as mazelas humanas, ela nos alerta para não perpetuarmos os erros”. 

O filme revive, principalmente nas mulheres que tiveram um relacionamento abusivo, o horror que é ser vigiada, aviltada e invadida em sua intimidade por alguém tóxico e, no filme, também obsediado. “Estamos felizes com as reações de mulheres e de homens que concordam que é preciso reconstruir muitas falências da nossa sociedade. A arte vem ajudar, mas o esforço é de cada um”, propõe o cineasta. 

Trama urdida pela reencarnação 

 O elenco conta ainda com as participações, entre outras, de Luiz Antonio Pillar, Stepan Nercessian (brilhante como o investigador), Renata Castro Barbosa e Charles Myara. “Acredito que os papéis dos protagonistas, Carol Castro e Danton Mello, seja um dos melhores que já fizeram no cinema”, acentua o diretor Wagner de Assis. 

Ele revela que esse filme teve o desafio de sempre: “Contar uma história que não acaba com a morte. Como existe vida além da vida, cinematograficamente, todas as coisas que vêm depois demandam muito mais apuro e efeitos visuais. Todo o elenco e a equipe fizeram workshops sobre psicopatia, machismo estrutural, ciúmes e obsessão espiritual. Estudamos as relações humanas à luz da espiritualidade e filmamos com o entendimento de que o ciúme vem do ego doente, da incapacidade de ceder e de olhar o outro. Na sociedade de hoje talvez seja vital aprender a desconstruir o próprio ego”. (AED) 

Reencontros são chances de um final diferente 

A arte imita a vida, seja a atual ou a pretérita. “Nossas relações são baseadas em nossos passados e estão absolutamente abertas para que possamos reconstruí-las, ressignificar os códigos culturais e, principalmente, algo que ainda é muito doentio em nossa sociedade, que é esse machismo estrutural”, alerta o cineasta Wagner de Assis. 

E finaliza: “Penso que todos os encontros são reencontros, são novas chances de recontar as histórias, porém com desfechos diferentes e sem os problemas do passado. Somos seres em evolução”. (AED) 

  

Teatro. “Helena Blavatsky” chega à capital 

A luz da vela ilumina o cenário e revela um lugar simples no frio de Londres no final do século XIX. Helena Blavatsky está sozinha em seu quarto, no seu último dia de vida. Ela revisita suas memórias, seu vasto conhecimento adquirido nos quatro cantos do mundo, se depara com a força do comprometimento com sua missão de vida e as consequências de suas escolhas. 

“Helena Blavatsky: A Voz do Silêncio” estreia em Belho Horizonte e já foi vista por mais de 35 mil espectadores pelo Brasil e retrata a história da russa Helena Petrovna Blavatsky, uma das figuras mais notáveis do mundo nas últimas décadas do século XIX, incansável buscadora de sabedoria antiga e atemporal, revolucionando o pensamento humano. Conhecida por confrontar as correntes ortodoxas da ciência, da filosofia e da religião, a visionária Blavatsky influenciou inúmeros pensadores e artistas. 

Com texto da filósofa Lúcia Helena Galvão, que estreia no teatro, o monólogo com Beth Zalcman instiga uma profunda reflexão sobre a busca do homem pelo conhecimento filosófico, espiritual e místico. 

“Interpretar Helena Blavatsky é mergulhar no improvável, no intangível. Nada mais desafiador para uma atriz do que realizar um texto que demanda extrema sensibilidade, concentração e imaginação e transporta a plateia para um universo de possibilidades”, diz a atriz Beth Zalcman. 

A autora e filósofa Lúcia Helena Galvão detalha: “Desde o início da minha busca pelo conhecimento por meio da filosofia, me deparei com pensadores que dedicaram suas vidas a buscar, compilar e transmitir ideias que entrelaçam nossas vidas e compõem parte do que somos. Essa peça é uma forma comovida e contundente para homenagear essa mulher tão especial”. 

AGENDA: “Helena Blavatsky: A Voz do Silêncio”, de 21 a 23 de abril, no Teatro Feluma, na alameda Ezequiel Dias, 275. Ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/81218/d/185781