Apesar da ampla aprovação da gestão da prefeita Marília Campos (PT), a maior parte dos eleitores de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, se posiciona no campo da direita. Conforme a primeira pesquisa do instituto DATATEMPO para traçar cenários para a eleição municipal de 2024, 33,8% dos entrevistados se definem politicamente mais alinhados à essa ideologia: 4,4% são de centro-direita, 24,2% de direita e 5,2% de extrema direita. Na contramão, 19,7% se classificam como esquerdistas: 3,4% de centro-esquerda, 14,8% de esquerda e 1,5% de extrema esquerda. Outros 10,7% são eleitores do centro político, e 35,8% não responderam ou não souberam como se posicionar sobre o questionamento. 

Quando a análise é estratificada, mais mulheres têm dificuldade para se posicionar politicamente em Contagem: 43,5% delas não sabem dizer se são de esquerda, de direita ou de centro. Entre os homens ouvidos, esse percentual cai para 26,5%. Ambos são mais de direita (28,4% entre elas e 40,4% entre eles) do que do campo da esquerda (18,9% e 20,7%, respectivamente).

Já no recorte por idade, a população entre 45 e 59 anos é a que mais se posiciona à esquerda (24,8%) e também à direita (36,4%), enquanto os jovens entre 16 e 24 anos são os que mais se colocam ao centro (15,5%). Os idosos são os que mais deixaram de responder ao questionamento: 47,5%. 

Entre as oito regionais do município, a Nacional é a que mais se coloca à direita: 41,4% dos moradores se situam neste campo. Por outro lado, a região do Industrial é a que mais se diz de esquerda: 24,6%. No centro, destaca-se a região Eldorado, com 16,6% dos entrevistados. Na Vargem das Flores, está a maior parte dos moradores que não sabe ou que preferiu não responder à pergunta, o que representa 57,6%. 

Comparação

De maneira geral, o número de direitistas em Contagem é exatamente o mesmo do medido em Belo Horizonte, 33,8%, levando em consideração a pesquisa DATATEMPO publicada há duas semanas sobre a capital mineira.

No lado oposto, o somatório entre centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda abrange 22,6% dos entrevistados em Belo Horizonte, ligeiramente superior ao percentual de Contagem. Além disso, mais belo-horizontinos se posicionaram ao centro (12% contra 10,7%). Na capital, 31,5% não souberam responder à pergunta. 

PT é a sigla mais amada e rejeitada

A polarização entre o PT e o PL se repete em Contagem, segundo o DATATEMPO. O levantamento mostra também que o PT é o partido mais bem-visto e ao mesmo tempo o que acumula maior rejeição no município da região metropolitana. Lá, 30% dos moradores ouvidos pelo instituto afirmam que o PT é a legenda que menos gostam, seguido pelo PL, que aparece com 13,7% das citações, e pelo PSDB, que tem 5,4%. Por outro lado, a agremiação da prefeita Marília Campos (PT) é também a preferida de 32,2% dos eleitores ouvidos, seguido pelo PL, com 11,2%, e novamente o PSDB, com 2,9%.

Peso

Audrey Dias, doutora em ciência política e coordenadora de pesquisa do instituto DATATEMPO, alerta que, apesar da boa avaliação de Marília Campos e de sua dianteira nas pesquisas de intenção de voto estimuladas e espontânea, a rejeição ao partido dela e o fato de a população da cidade se colocar mais à direita podem pesar contra a prefeita quando as eleições chegarem, no ano que vem.

“Isso (a liderança dela na pesquisa) pode indicar que a rejeição ao PT e a aparente predominância de um eleitorado de direita ainda tem um efeito pequeno, se comparado às outras questões, mas que pode vir a se tornar algo de extrema relevância com a aproximação do pleito”, afirma a pesquisadora. 

Metodologia

A pesquisa foi realizada pelo Instituto de Pesquisas e Monitoramentos DATATEMPO, com 1.200 entrevistas domiciliares, entre 9 e 12 de setembro de 2023, nas oito regionais administrativas de Contagem. A margem de erro é de 2,83 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.