Após um processo eleitoral conturbado, a nova presidente estadual do PT, a deputada estadual Leninha, defendeu, em entrevista ao Café com Política, a necessidade de unir a sigla. A disputa, encerrada no último dia 13 de julho, chegou a ser adiada e  teve ameaça de judicialização após a deputada federal Dandara Tonantzin ser excluída da disputa por questões burocráticas internas.  

Para a nova presidente do partido em Minas, o momento é de “baixar a poeira” e construir uma composição. “O mais importante, na minha avaliação como presidenta do PT, é que as pessoas que venham, venham para somar. Não podemos ter uma postura de boicote”, afirmou. 

Segundo a dirigente, é provável que o grupo ligado ao deputado federal Reginaldo Lopes (PT), que apoiou a candidatura de Dandara, deve querer disputar a tesouraria do partido no Estado. "Mas há outras pastas importantes, como a Secretaria-Geral, temos a comunicação também, Creio que, na nossa perspectiva, faremos uma boa composição, dialogando nessa construção", pontuou a parlamentar que criticou a judicialização do processo eleitoral do partido. 

"O que mais me chamou a atenção nesse processo, de fato, foi a judicialização, quase que em cima da hora. Penso que agora vamos viver uma nova fase. Passada a disputa interna, a fase agora é de composição. E essa composição precisa de pessoas sérias, comprometidas com essa reconstrução do PT em Minas Gerais para os desafios que temos pela frente. Creio que, decantado todo esse período, baixando a poeira, teremos a lucidez necessária e a inteligência para fazer uma boa composição", completou. 

Durante a entrevista, Leninha afirmou ainda que a ausência de representantes do PT mineiro no primeiro escalão do governo Lula teria sido consequência da falta de unidade da sigla no estado. Para ela, a bancada federal do legenda precisa ser unida assim como a estadual tem sido. 

“A avaliação que a gente ouviu durante a campanha é que, pela própria falta de unidade do PT mineiro, a gente ficou mal representado. A Macaé hoje está lá, mas é um mérito dela, não do partido. [...]. Isso é reflexo, na minha perspectiva, de uma falta de sintonia entre nós, de falta de unidade. O PT só será forte quando a bancada federal estiver unida. A bancada estadual é muito unida. Então, não pode haver vaidades nem interesses pessoais", avaliou. 

Nova gestão 

Questionada sobre suas prioridades na presidência do PT-MG, a deputada estadual Leninha fala em fortalecer o partido no interior de Minas, com boas executivas que atuem durante todo o ano e não apenas no período eleitoral. 

“Nossa proposta é fazer encontros com os presidentes dos diretórios municipais que foram eleitos. Vamos fazer uma escuta bem qualificada. Cada região é uma realidade. Vamos primar muito por encontros regionais”.

Outra tarefa, na avaliação da parlamentar, é “abrir o PT para fora”. "Nós precisamos oxigenar. Vamos discutir com a sociedade. Precisamos entender o que está acontecendo, esse fenômeno." Nós estamos falando na política e em Minas Gerais não é diferente. Então, teremos que fazer processos simultâneos de auto-organização, reorganização interna, mas, ao mesmo tempo, com o compromisso de abrir o PT para esse diálogo com a sociedade”.

Leninha apontou ainda a questão climática como um dos grandes desafios, não só do PT, mas do mundo. “Nós acompanhamos o Congresso votando leis que pesam na devastação. Estamos entendendo que, no caso de Minas Gerais, que é um estado que tem muita atividade econômica ligada à mineração, às monoculturas, precisamos ter uma política ambiental no estado que seja mais favorável aos nossos ecossistemas. Então, o PT, na minha avaliação, precisa ir para fora, conversar sobre o assunto, conversar sobre a água, que é tão importante para as cidades, mas também para as comunidades rurais, para os negócios”.