Invasão nos EUA

Eduardo Bolsonaro pode ser incluído em investigações sobre ataque ao Capitólio

O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro teria se encontrado com o empresário Michael Lindell e outros aliados de Trump envolvidos no planejamento da invasão ao Congresso norte-americano

Sex, 29/07/22 - 19h44
Donald Trump, Eduardo e Jair Bolsonaro, em encontro do G20, no Japão | Foto: Reprodução/Rede social

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pode ser incluído nas investigações feitas pelo comitê especial da Câmara dos Estados Unidos sobre a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do então presidente Donald Trump, que deixou mortos e feridos. 

O deputado norte-americano Jamie Raskin falou da inclusão do parlamentar brasileiro, o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, a uma comitiva brasileira que está em Washington, a capital dos EUA, onde fica o Capitólio, a sede do Congresso norte-americano. 

De acordo com o relato de participantes do encontro, Raskin ficou surpreso ao saber que Eduardo Bolsonaro esteve na capital americana dias antes da invasão do Congresso e se reuniu com pessoas próximas a Trump. 

Comissão investigação conexões internacionais de extrema direita

Raskin disse ao grupo de brasileiros que uma das linhas da investigação feita pelo Congresso sobre a invasão deve envolver a partir de agora as conexões internacionais da extrema direita americana. Assim, o caso de Eduardo poderá ser incluído entre os temas a serem analisados em breve pelo comitê.

"A reunião para mim foi muito educativa. Está claro que as forças pró-democracia e pró-direitos humanos no Brasil estão com medo de que algo parecido com o que ocorreu nos EUA em 6 de Janeiro [de 2021] possa acontecer em seu país", disse Raskin, após o encontro.

Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de mencionar o Brasil no relatório final da comissão, o parlamentar norte-americano disse não saber ao certo em que medida entrará em casos específicos. 

"Thomas Paine disse que os EUA seriam um refúgio para pessoas fugindo da opressão política e econômica, e eu espero que o país cumpra esse papel neste século, derrotando o fascismo e cumprindo um papel de apoiar as democracias, as instituições democráticas e as eleições no mundo todo", ressaltou.

Ele também falou dos sistemáticos ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro.

"A extrema direita ao redor do mundo vem mostrando maciço desrespeito pela democracia e pelas instituições. Fiquei sabendo que o presidente Bolsonaro tem feito críticas públicas ao processo eleitoral e vem promovendo grandes mentiras a respeito disso, o que pode ser um grande prelúdio de uma tentativa de atacar o processo eleitoral ou de colocar-se à margem desse processo, caso perca", afirmou Raskin.

"Essa é uma marca típica de partidos fascistas. Eles acabam incentivando a violência, o que piora a situação. Eu quero ter certeza de que os EUA vão se colocar de forma muito forte ao lado das instituições democráticas no Brasil”, completou.

Eduardo Bolsonaro esteve com aliados de Trump envolvidos no planejamento do ataque ao Capitólio, segundo sites

Em fevereiro do ano passado, os sites Media Matters e Proof apontaram que Eduardo Bolsonaro teria se encontrado com o empresário Michael Lindell e outros aliados de Trump envolvidos no planejamento do ataque ao Congresso norte-americano. O 03 negou ter participado de reuniões secretas sobre a invasão. 

Então presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro esteve em Washington naquela semana e se encontrou com Ivanka Trump, filha do republicano, e Jared Kushner, marido de Ivanka e assessor do então presidente, em 4 de janeiro. As reuniões foram amplamente divulgadas pelo próprio filho de Jair Bolsonaro, em suas redes sociais.

O parlamentar brasileiro disse ter sido convidado à Casa Branca pela filha de Trump para visitar a residência oficial da presidência dos EUA.

Eduardo Bolsonaro estava nos Estados Unidos no dia da invasão ao Capitólio. Ex-postulante ao cargo de embaixador do Brasil no país então comandado por Trump, ele não quis comentar o episódio.

Na companhia da esposa, Heloisa Bolsonaro, e da filha, Georgia, o deputado se encontrou com amigos. Eleo juntou-se ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho e o influenciador Allan dos Santos, no dia 7 de janeiro. Olavo e Allan eram outros ferrenhos apoiadores de Trump.

Eduardo Bolsonaro montou rede de contatos com extremistas norte-amercianos

Desde o início do mandato do pai, Eduardo Bolsonaro buscou se aproximar de lideranças da direita conservadora em outros países e de aliados de Trump, como o estrategista Steve Bannon — recentemente condenado por desacato à comissão do Congresso norte-americano.

A comitiva de 19 entidades brasileiras que se encontrou com Raskin foi a Washington nesta semana para falar sobre o risco de golpe no Brasil e as ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral. O grupo — que inclui Artigo 19, Conectas, Comissão Arns, Greenpeace Brasil, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Instituto Vladimir Herzog — teve reuniões no Departamento de Estado e com o senador Bernie Sanders, entre outros parlamentares. (Com Folhapress)

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