Ao menos 52 pesquisadores da área de Matemática, Probabilidade e Estatística (Mape), e da área de Física da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) renunciaram coletivamente aos cargos.
A demissão coletiva foi comunicada em duas cartas, uma entregue à direção da Capes na semana passada e outra nesta segunda-feira (29), que também foi divulgada ao público.
Os cientistas acusam a Capes de não respaldar o trabalho de avaliação desempenhado por eles e criticam a presidência da instituição por não defender a Avaliação Quadrienal da pós-graduação, suspensa por decisão judicial em setembro. Com a saída, os novos chefes das áreas terão de montar suas equipes.
A Capes é uma agência de fomento à pesquisa, ligada ao Ministério da Educação (MEC), que tem como missão avaliar os cursos de pós-graduação no Brasil e divulgar informações científicas. Desde abril, a Capes é presidida pela reitora do Centro Universitário de Bauru, Claudia Mansani Queda de Toledo.
“Gostaríamos de poder trabalhar com previsibilidade, respeito aos melhores padrões acadêmicos, atenção às especificidades das áreas e, principalmente, um mínimo respaldo da agência. Tais condições não têm se verificado nos últimos meses”, afirmam os pesquisadores que assinam a carta divulgada nesta segunda.
Três dos que pediram demissão nesta segunda são coordenadores da área de avaliação em Matemática, convocados pela Capes para trabalhar como consultores por quatro anos. Os demais 28 são consultores ad hoc, também da área de Matemática. Durante o mandato, os três coordenadores ajudam a elaborar as regras dos programas de pós e também convocam os consultores ad hoc para fazer efetivamente a avaliação dos programas.
A avaliação quadrienal da Capes está paralisada após uma decisão judicial. “Assim como diversos colegas, acreditamos que a Capes não tem se esmerado na defesa da sua forma de avaliação. Isto ficou patente nas várias manifestações da presidência e contrasta fortemente com os posicionamentos favoráveis à retomada da avaliação vindos de diversas entidades”, escrevem os coordenadores.
“Chama-nos a atenção que a recente tentativa de suspensão da liminar tenha sido apresentada pela Capes sem qualquer urgência, apenas depois de dois meses”, continuam os pesquisadores. Para o grupo, “é quase impossível” que a avaliação quadrienal seja retomada no futuro próximo. “Tampouco nos é evidente que a avaliação, se de fato ocorrer, atenderá aos padrões de qualidade que a área preconiza.”
Os coordenadores também dizem que houve edital para abertura de novos cursos, em meio à paralisação da avaliação quadrienal. Para Roberto Imbuzeiro, um dos coordenadores que assina o ofício com o pedido de renúncia, a avaliação deveria preceder a abertura de novos cursos. “Não temos tido abertura de cursos novos há anos, mas a avaliação é que forneceria subsídios para avaliar novos programas também. Temos de comparar os novos com os que já existem.”
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