Em meio a uma dissidência com o Cidadania, com quem é federado, o PSDB lançou nesta sexta-feira (5) o ex-deputado e ex-secretário de Saúde do governo Aécio Neves, Marcus Pestana (PSDB), como candidato ao governo de Minas.

O ato político foi realizado na Câmara dos Dirigentes Lojistas em Belo Horizonte. O vice será definido nos próximos dias pela cúpula da federação. O candidato ao Senado será o vereador de Belo Horizonte, Bruno Miranda (PDT). 

Também foram confirmados os nomes da chapa do PSDB para deputado: são 54 candidatos a federal e outros 54 candidatos a estadual.

Em seu discurso, Pestana se apresentou como alternativa aos dois principais concorrentes ao governo de Minas até o momento, o atual governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).

A última pesquisa DATATEMPO, realizada entre os dias 15 e 20 de julho, aponta que Zema lidera a disputa para governador com 48,3% dos votos contra 23,2% de Kalil. Pestana tem 1,2%.

O tucano criticou os constantes ataques pessoais entre os dois adversários nos últimos meses. "Um grande líder mineiro disse: em Minas, quem briga são as ideias, não são as pessoas. Não vou brigar com Kalil ou Zema. Vou brigar contra a fome, o desemprego, a inflação, com a qualidade da educação, que rebaixou. Minas já foi o primeiro lugar nas avaliações nacionais, hoje frequenta o quarto ou quinto lugar. A mortalidade infantil aumentou", discursou o candidato. 

“A população não quer saber de factóides ou de fake news. Nós (PSDB) produzimos sempre no governo resultados para a população, com a preocupação de cuidar principalmente dos mais pobres”, acrescentou Pestana.

Ele também ressaltou que é mais experiente do que os dois adversários, já que tem 40 anos de vida pública, enquanto Kalil entrou na política em 2016 e Zema, em 2018.

Pestana já foi vereador, deputado estadual, deputado federal, secretário de Planejamento no governo Azeredo e de Saúde no governo Aécio em Minas Gerais, além de secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e chefe de gabinete no Ministério das Comunicações, ambos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O tucano também criticou a ausência de Minas Gerais nas discussões nacionais, como na reforma tributária e na defesa da democracia após o ato convocado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no último 7 de setembro.

"A minha candidatura é a defesa da política. Esse não é um Estado qualquer. É o Estado de Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Itamar Franco. Infelizmente, o nosso atual governador, a cadeira é maior do que o espaço que ele ocupa", declarou. 

No encerramento, Pestana lembrou dos casos da menina Bárbara, de 10 anos, que foi assassinada nesta semana em Ribeirão das Neves, e do menino Miguel, que ligou para a polícia em Santa Luzia, também na região Metropolitana, para avisar que ele e sua família estavam com fome.

“A minha candidatura, os meus 40 anos de experiência colocada à disposição, é pelo Miguel e pela Bárbara. A política só faz sentido se for por eles”, afirmou.

No evento, os aliados de Pestana destacaram o que enxergam como preparo dele para governar Minas Gerais e também exaltaram os feitos dos governos passados do PSDB, principalmente nas gestões de Aécio Neves e de Eduardo Azeredo.

Ambos marcaram presença, mas apenas o primeiro vai disputar a eleição: depois de cogitar ser candidato a senador, Aécio tentará se reeleger deputado federal. 

“É possível sim voltar aos tempos de glória de Minas, quando nós tínhamos a melhor educação do Brasil, a melhor saúde do Centro-Sul, os maiores investimentos em segurança pública e o maior programa de infraestrutura da história do nosso Estado. É hora de Minas pensar grande. E pensar grande significa votar no PSDB de novo no Palácio da Liberdade”, discursou Aécio Neves.

O presidente do PSDB de Minas, Paulo Abi-Ackel, aposta no desempenho de Pestana nos debates para subir nas pesquisas. O primeiro deles será realizado pela Band no próximo domingo (7).

"Pestana é o homem que vai fazer os adversários tremerem nas pernas na hora do debate. Podem anotar: é o homem que vai saber de forma educada mostrar para todos quem entende de Minas Gerais e quem não entende", declarou ele.

“Pestana, tenho certeza que você chega às vésperas do primeiro turno com condições de disputar um lugar no segundo turno e vencer as eleições. Estou convencido disso pelo que te conheço, mas também pela deficiência dos outros candidatos”, concluiu Abi-Ackel.

Cidadania vai dar apoio informal a Zema

Em convenção da federação realizada antes dos atos políticos do PSDB e do Cidadania, realizados separadamente, a candidatura de Pestana foi aprovada por oito votos a três. Todos os votos contrários foram do Cidadania. 

Nas últimas semanas, o partido articulou para que a federação indicasse o jornalista Eduardo Costa (Cidadania) como vice do governador Romeu Zema (Novo). O PSDB, majoritário na federação (70% dos votos contra 30% do Cidadania), não aceitou e votou para lançar candidato próprio. 

Atual vice-governador de Minas, Paulo Brant (PSDB) criticou o Partido Novo, sigla da qual se desfiliou no ano passado após divergências. "O partido hoje no governo do Estado nega a política e adota uma postura tecnocrática. Tratam a política como um mal necessário. E a política não é um mal necessário, é um bem necessário e fundamental", disse.

“E o outro lado da polarização também nega a política, adotando práticas voluntaristas, irresponsáveis, que não respeitam a responsabilidade fiscal", completou o vice-governador, em referência a Kalil.

Uma dos possíveis nomes para ocupar o vice de Pestana é a vereadora de Nova Lima, Juliana Salles (Cidadania). Mesmo com o Cidadania realizando ato político simultâneo ao do PSDB, onde declarou apoio simbólico a Zema, ela esteve no evento tucano, assim como o vice-prefeito de Salinas, no Norte de Minas, Raimundo Benoni (Cidadania).

Mesmo antes da reunião da federação, o presidente do Cidadania em Minas Gerais, João Vitor Xavier, já admitia que seu partido sairia derrotado. "Pelo estatuto da federação, ganha a maioria como qualquer processo democrático. Mas cabe também à minoria ter o direito de apresentar suas posições. E assim o Cidadania vai fazer", declarou ele.

"O entendimento do partido é que o melhor para a federação e para o Estado é apoiar o governador Romeu Zema”, concluiu.