Palácio Tiradentes

Zema faz mea culpa em promessas do governo à base na ALMG

O governador aponta falta de mão de obra para executar convênios prometidos e admite desconforto de deputados com políticas, como, por exemplo, concessão de estradas

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 23 de abril de 2024 | 15:36
 
 
O governador Romeu Zema (Novo) ainda admitiu as dificuldades do governo em reunir quórum suficiente para votações em plenário na ALMG nos últimos meses Foto: Dirceu Aurélio/Imprensa MG

O governador Romeu Zema (Novo) fez um mea culpa em relação às promessas feitas pelo governo aos deputados da base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O governador, que ainda admitiu as dificuldades do governo em reunir quórum suficiente para votações em plenário nos últimos meses, convidou jornalistas para um café da manhã nesta terça-feira (23/4) no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. 

De acordo com Zema, o Estado tem problemas para cumprir as promessas, como, por exemplo, convênios para indicar recursos ou equipamentos para prefeituras onde os deputados têm as respectivas bases eleitorais. “Temos um problema de execução. Falta braço (no governo). Acontece na Secretaria de Saúde, acontece na Secretaria de Educação e acontece na Secretaria de Infraestrutura (e Mobilidade) às vezes”, explicou. 

Como já mostrou O TEMPO, o atraso em honrar compromissos feitos ainda pelo ex-secretário de Governo Igor Eto impôs dificuldades ao governo Zema para aprovar pautas como a retomada da cobrança de uma alíquota adicional de dois pontos percentuais de ICMS sobre bens supérfluos. Além de convênios, a lentidão em nomear pessoas indicadas por deputados para superintendências, gerências e coordenadorias regionais também contribuiu. 

O governador admitiu que “pode existir” insatisfação de deputados com as nomeações, que, segundo ele, estão a cargo do vice Mateus Simões (Novo) e do secretário de Governo, Gustavo Valadares. Zema ainda explicou que, normalmente, o governo seleciona três candidatos para superintendências e pede ao deputado majoritário que escolha entre eles. “Às vezes, acontece de o deputado não escolher nenhum (dos três), mas na maioria das vezes escolhe”, pontuou, dizendo que não dá carta branca, mas “meia carta branca”. 

Porém, Zema pontuou que, em 2019, logo no primeiro ano de seu mandato, a relação entre o Executivo e o Legislativo mudou em razão da criação das emendas impositivas individuais, que vinculam 2% da receita líquida do Estado a indicações dos deputados. “Eu não posso (como era antes) simplesmente fechar uma torneira aqui e abrir outra ali”, exemplificou. O governador citou o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, segundo ele, “loteou os ministérios”, e, mesmo assim, não tem o controle do Congresso.

Zema admite desconforto de deputados com pedágios

Além de admitir as dificuldades em executar as promessas, Zema disse reconhecer o “desconforto” de deputados da base cujo domicílio eleitoral é em regiões onde o governo concedeu estradas à iniciativa privada. “Os deputados realmente ficam em uma posição desconfortável quando uma estrada que não era pedagiada passa a ser pedagiada onde moram”, observou o governador, quando ainda avaliava a relação com a base. 

O modelo de concessão já causou atritos entre o governo Zema e deputados como, por exemplo, Rodrigo Lopes (União) e Maria Clara Marra (PSDB), que chegaram a convocar uma audiência pública para questionar a cobrança de pedágios, e Lud Falcão (Podemos). A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é articulada pelo deputado estadual Professor Cleiton (PV) para investigar eventual dano aos cofres públicos.

Zema lembrou que também teve problemas quando praças de pedágio foram instaladas no trecho da MG-135 entre Belo Horizonte e Montes Claros logo no início do governo. “Eu ia a Montes Claros e tinha protestos, a imprensa me questionava etc. Eu costumo dizer que as concessões dão resultado depois de três, quatro anos. Só aí a gente vê as benfeitorias”, pontuou.