O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou receio em relação a uma possível aprovação do projeto de anistia no Congresso Nacional, que beneficiaria os réus da trama golpista, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A fala ocorreu durante uma reunião do chefe do Executivo federal com lideranças comunitárias em Belo Horizonte. O presidente cumpriu agenda, nesta quinta-feira (4/9) no Aglomerado da Serra para lançar o novo programa Gás do Povo.
Antes do lançamento da iniciativa, Lula se reuniu com lideranças comunitárias e influencers locais - encontro fechado para a imprensa, mas transmitido por meio das redes sociais do presidente. Na reunião, o presidente citou os pedidos de intervenções ao governo dos Estados Unidos em meio ao julgamento do ex-presidente Bolsonaro.
"Nós estamos vendo agora os falsos patriotas nos Estados Unidos pedindo intervenção do presidente Trump no Brasil. Os caras que fizeram campanha embrulhados na bandeira nacional, dizendo que eram patriotas, agora estão embrulhados na bandeira americana, pedindo para o Trump intervir no Brasil”, disse Lula.
Logo em seguida, uma pessoa que acompanhava a reunião gritou “Sem anistia”, ao qual o presidente Lula respondeu “é isso, meu querido”, complementando sobre a tramitação do projeto no Congresso Nacional.
“Agora é outra coisa que nós temos que saber: se for votar no Congresso, nós corremos o risco da anistia", ressaltou o presidente. "O Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, o governo aprovou quase tudo que o governo queria, mas a extrema-direita tem muita força ainda. Então, é uma batalha que tem que ser feita também pelo povo.”
Na conversa com as lideranças, o presidente ainda disse que o governo federal precisa ser cobrado para que as melhorias aconteçam. "Vocês não têm de ter medo de fazer críticas ao governo. Se tiver alguma coisa errada, a gente tem de tomar cacete mesmo" afirmou. "Falta um pouco de rebeldia, para cobrar de verdade", disse.
Nos últimos dias, o Centrão aderiu à pressão da oposição sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e vem articulando a construção de um cenário favorável para aprovação da anistia para os réus de 8 de janeiro. O movimento é capitaneado pelos partidos de oposição, que insistem, há mais de um ano, na votação do projeto.
Críticas a Bolsonaro
O presidente Lula voltou a criticar seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), durante cerimônia de anúncio do Programa "Gás do Povo" no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Sem citar o nome do ex-presidente, Lula disse que Bolsonaro não governou e, sim, "destruiu o país". O presidente afirmou também que obras não foram concluídas.
"Cadê o Casa (Verde) Amarela? O sangue dele pode ser amarelo. O meu é vermelho igual a todo mundo. Não tem ninguém com sangue amarelo. Nem barata tem sangue amarelo", disse o presidente. Conforme Lula, casas só estão sendo entregues durante o seu governo.