O transplante capilar tem se tornado uma das cirurgias estéticas mais populares no Brasil, principalmente entre o público masculino. A busca pelo procedimento, que combate a calvície e a queda de cabelo, cresceu nos últimos anos, impulsionada por pacientes mais jovens e atentos à imagem.
Para entender o que está por trás desse crescimento e como o procedimento funciona, a reportagem do portal O TEMPO conversou com o Dr. Márcio André Volkweis, médico dermatologista e Tesoureiro Geral da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC).
A diferença entre implante e transplante
Embora os termos sejam usados como sinônimos no mercado, o Dr. Márcio esclarece que há uma diferença técnica. "O implante é uma das etapas do procedimento. Primeiro, ocorre a colheita das unidades foliculares, seguida pela implantação desses fios no couro cabeludo", explica.
Ele ressalta que essa terminologia não deve ser confundida com os antigos implantes de fios sintéticos, que eram artificiais: "Esses eram literalmente “implantados”, o que explica o uso do termo", avalia o médico.
Como o procedimento funciona:
O transplante capilar é um procedimento cirúrgico invasivo que exige conhecimento técnico e planejamento detalhado. Exames pré-operatórios e precauções são necessários antes do realizá-lo, para garantir a segurança do paciente e resultados satisfatórios.
As duas principais técnicas são a FUT (Transplante de Unidade Folicular), que remove uma faixa de couro cabeludo, e a FUE (Extração de Unidade Folicular), que extrai os folículos individualmente. Ambas são realizadas sob anestesia local.
Essa nova "geração da restauração capilar" busca mais do que apenas a solução para a calvície. Dados da ABCRC e da International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS) mostram que 95% dos pacientes que fizeram transplante em 2024 tinham entre 20 e 35 anos. Entre as motivações, 90% dos pacientes relatam buscar maior atratividade pessoal, enquanto 63% desejam parecer mais jovens para se manterem competitivos no mercado de trabalho.
Riscos, cuidados e segurança
Como qualquer cirurgia, o transplante capilar apresenta riscos, como infecção, sangramento ou cicatrização inadequada. No entanto, o Dr. Márcio André Volkweis afirma que eles são minimizados quando o procedimento é feito por médicos especializados. Para garantir a segurança, a ABCRC recomenda que o paciente procure um profissional experiente, realize uma avaliação médica completa e escolha uma clínica que siga todas as normas de biossegurança.
"A decisão nunca deve se basear apenas no preço: segurança, habilitação médica e qualidade técnica precisam vir em primeiro lugar", alerta o médico. Ele ainda reforça que é preciso desconfiar de ofertas muito abaixo do mercado, que podem ser um sinal de falta de estrutura adequada ou de um profissional não qualificado.
O pós
A fase pós-cirúrgica exige disciplina e paciência. Nos primeiros dias, o paciente deve manter repouso, dormir com a cabeça elevada e evitar exposição ao sol. O Dr. Márcio explica que a queda inicial dos fios transplantados é normal, e o resultado final começa a aparecer de forma gradual, atingindo o potencial máximo em cerca de um ano.