Jorge Mario Bergolio, falecido na madrugada desta segunda-feira (21 de abril) aos 88 anos, foi o primeiro Papa a usar o nome 'Francisco' na história. E foi um cardeal brasileiro quem indicou esse título para o Santo Padre: Dom Cláudio Hummes, que faleceu aos 87 anos em julho de 2022. E, desta maneira, Hummes entrou para a história como o cardeal que ajudou Bergolio a escolher o nome Francisco, em homenagem ao "santo dos pobres" - São Francisco de Assis -, na primeira vez que um pontífice se arriscou a usar essa designação.
Em março de 2013, ao assumir a posição de autoridade máxima da Igreja Católica, Bergolio assumia um pontificado que seria marcado "pela proteção ecológica e com foco na acolhida e inclusão dos mais pobres" - o que é similar ao legado missionário deixado por São Francisco de Assis, o santo protetor dos animais.
Na Santa Missa que marcou o início de seu pontificado, em 19 de março de 2013, Francisco indicou a direção que acompanharia o seu papado. Naquele dia, conforme o site oficial do Vaticano (Vatican News), Francisco disse: "a vocação de salvaguarda não diz respeito somente a nós cristãos, ela tem uma dimensão que precede e é simplesmente humana, ela diz respeito a todos. É a custódia de toda a criação, a beleza da criação, como nos é dito no Livro do Gênesis e como São Francisco nos mostrou: é ter respeito por toda criatura de Deus e pelo ambiente em que vivemos".
Já no dia 4 de outubro de 2013, durante uma visita à cidade nativa de São Francisco - Assis, na Itália -, o Santo Padre transmitiu uma mensagem de paz à humanidade: "repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição. Ouçamos o grito dos que choram, sofrem e morrem por causa da violência, do terrorismo ou da guerra, na Terra Santa, tão amada por São Francisco, na Síria, em todo o Oriente Médio, em todo o mundo".
Em sua encíclica Fratelle Tutti, divulgada em outubro de 2020, Bergolio declarou que São Francisco de Assis "nos convida a um amor que vai além das barreiras da geografia e do espaço" e declara abençoado aquele que ama o outro quando está longe dele, como se estivesse ao seu lado. "Com estas poucas e simples palavras, São Francisco explicou o essencial de uma fraternidade aberta, que nos permite reconhecer, apreciar e amar cada pessoa além da proximidade física, além do lugar do mundo onde nasceu ou onde vive", destacou o Papa Francisco.
A história de São Francisco de Assis
Relembrado em todos os anos no dia 4 de outubro, São Francisco de Assis é considerado protetor dos animais e padroeiro da ecologia. De acordo com a comunidade Canção Nova, ele nasceu na Úmbria (perto de Assis), Itália, em 1182, seu nome era Francisco Bernardone. O santo era filho de um rico comerciante de tecidos, teve uma adolescência fútil, vivendo na companhia de boêmios e, por isso, aos 20 anos, foi aprisionado. Depois de liberto, Francisco foi, gradativamente, sentindo desinteresse pela vida no mundo e se converteu ao abraçar 'a pobreza de vida'.
Por ser um jovem de alma sensível, cheio de amor pelos pobres e por Deus, soube ver o rosto de Deus espelhado na natureza, não apenas nos animais, mas em tudo que Deus criou. Essa é uma lição que precisamos aprender com São Francisco: encantar-se com tudo que Deus criou, com toda a beleza, harmonia e perfeição. Dar glória e louvor a Deus pela criação. Rezamos na Missa: “O Céu e a Terra proclamam a Vossa glória”.
São Francisco de Assis e os animais
De acordo com a Canção Nova, existem muitas histórias de São Francisco com os animais. Uma das histórias sobre o Santo diz que bandos de andorinhas o seguiam continuamente formando uma cruz e que, em uma ocasião, na qual ele ia pregar em Alvino, disse: “Irmãs andorinhas, agora eu tenho que falar comigo.”
Em outra ocasião, São Francisco amansou um lobo selvagem dizendo:
“Venha aqui, irmão Lobo, mando-te da parte de Cristo, que não faças nenhum mal a mim nem a ninguém”. E quando estava no monte rezando, um pássaro lhe avisou que era a hora da oração da meia-noite. Eu penso que essa seja uma boa oportunidade para aprender o que a Igreja ensina sobre os animais. Papa Bento XVI disse, certa vez, que “a existência dos animais se limitava à sua vida na terra”, uma vez que eles não têm uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus, como a nossa alma.
Oração de São Francisco de Assis
“Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a vida eterna.
Ó grande reformador da Igreja, pai de uma multidão de santos e religiosos, concedei a nós imitar as suas virtudes de caridade, pobreza e castidade, assim como nos espelhar na tua espiritualidade que formou tantas almas. Que o Amor encarnado seja amado! Amém.”
São Francisco de Assis, rogai por nós.
(Feito com informações da Comunidade Canção Nova e do Vatican News)