O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta sexta-feira (13) o adiamento de uma conferência das Nações Unidas para discutir os conflitos no Oriente Médio e a criação de um Estado palestino devido à recente troca de ataques entre Israel e Irã que aumentou de forma significativa a crise em toda a região.
O encontro é organizado pela França e pela Arábia Saudita, e o Brasil recebeu convite para copresidir um dos grupos de trabalho que tem como tema a "promoção do respeito ao direito internacional para a implementação da solução de dois Estados" -Brasília dividirá o comando dos trabalhos com o Senegal.
Macron afirmou que, apesar do adiamento, a determinação em avançar com a proposta da implementação de dois Estados (um israelense e um palestino) permanece. "Quaisquer que sejam as circunstâncias, declarei minha determinação em reconhecer o Estado da Palestina", disse ele em entrevista coletiva.
A conferência, que seria realizada de 17 a 20 de junho, em Nova York, tem como objetivo traçar parâmetros para o estabelecimento de um Estado palestino, garantindo ao mesmo tempo a segurança de Israel.
Macron, que participaria no dia 18, vinha indicando publicamente que poderia aproveitar a ocasião para anunciar o reconhecimento formal da Palestina pela França, tornando-se o primeiro líder de um país ocidental de grande peso a fazê-lo --decisão que encontra forte resistência por parte de Israel.
A nova data do encontro ainda não foi definida. Segundo autoridades ouvidas pela agência de notícias Reuters, o ataque israelense comprometeu a realização da conferência na data inicialmente programada porque seria difícil, logisticamente, para os países da região participarem.
Israel bombardeou o Irã nesta sexta, ainda noite de quinta no Brasil, depois que negociações nucleares entre o país persa e os Estados Unidos de Donald Trump estagnaram. Tel Aviv atacou a infraestrutura nuclear iraniana. Também atingiu altos comandantes militares e importantes cientistas do rival.
Horas depois, o Irã começou um contra-ataque com mísseis balísticos contra Israel. Houve explosões em Tel Aviv, Jerusalém e outros locais após o alerta geral no país, decretado às 21h11 (15h11 em Brasília).
Com o agravamento da situação, autoridades consideradas chave para a conferência, caso da liderança da Autoridade Palestina e do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, não poderiam se deslocar até Nova York.
Macron enfrenta ainda pressões externas. O governo Trump enviou, nesta semana, comunicado a aliados desencorajando a participação no encontro e alertando para possíveis consequências a países que adotarem medidas contrárias aos interesses israelenses, segundo documento obtido pela Reuters.
Mesmo assim, autoridades diplomáticas indicam que Macron deve seguir com o reconhecimento do Estado palestino. O posicionamento da França mudou nos últimos meses, impulsionada pelo agravamento do conflito na Faixa de Gaza e pelo aumento da violência de colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia ocupada.