O guia que acompanhava a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, desaparecida desde sexta-feira (20) no Monte Rinjani, na Indonésia, contestou acusações de que teria abandonado a turista. O acidente ocorreu quando a publicitária caiu mais de 300 metros em área de difícil acesso do vulcão localizado na ilha de Lombok.

"Na verdade, eu não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, a Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar", declarou Ali Musthofa em entrevista concedida à reportagem de O GLOBO nesta segunda-feira (23).

O guia indonésio, de 20 anos, trabalha na região desde novembro de 2023 e sobe o Rinjani aproximadamente duas vezes por semana. Ele afirmou que identificou o acidente ao ver uma luz no barranco. "Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz da Juliana pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la", disse.

Diante da impossibilidade de realizar o resgate sozinho, Musthofa acionou a empresa para a qual trabalha. "Liguei para a organização onde trabalho, pois não era possível ajudar a uma profundidade de cerca de 150 metros sem equipamentos de segurança", explicou. O guia prestou depoimento à polícia local no domingo (22).

Juliana realizava um mochilão pelo sudeste asiático desde fevereiro. Para a trilha no Rinjani, ela contratou um pacote turístico no valor de 2.500.000 rúpias indonésias (cerca de R$ 830), que previa uma jornada entre 20 e 22 de junho. A família da brasileira tem criticado a condução das operações de resgate, classificando o local do acidente como "extremamente severo" e apontando negligência por parte das autoridades.

Na manhã desta segunda-feira, os parentes informaram que as equipes estão finalmente "descendo até o local onde ela foi avistada", após reclamarem de interrupções nas buscas devido ao clima. Os familiares expressaram preocupação com a situação da publicitária, que "segue sem água, comida e agasalhos por 3 dias". Mariana Marins, irmã da brasileira, chegou a afirmar que as autoridades indonésias estavam "mentindo" sobre as operações de resgate.

Em resposta às críticas, o governo federal informou que dois funcionários da embaixada foram deslocados para acompanhar o processo de busca. A Agência de Busca e Salvamento da Indonésia iniciou o terceiro dia consecutivo de operações nesta segunda-feira, enfrentando dificuldades devido às condições meteorológicas.

"A visibilidade para a busca é muito limitada, e o uso de drones também não pode ser maximizado", explica o narrador de um vídeo compartilhado com a família, que mostra a montanha coberta por névoa. O local onde Juliana se encontra foi descrito como "muito inóspito" e com terreno arenoso. O Monte Rinjani alcança 3.726 metros acima do nível do mar.

As informações sobre o paradeiro da brasileira chegaram ao Brasil através de turistas que também realizavam a trilha. Após encontrarem o perfil de Juliana em uma rede social, eles enviaram mensagens para pessoas próximas à vítima. Uma conta no Instagram foi criada para divulgar informações sobre o caso.