A decisão de Donald Trump de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto repercute em todo o mundo. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (09), o presidente americano justificou a medida como resposta às supostas ações de "censura" às plataformas de mídia social dos EUA e por discordar do STF brasileiro e do julgamento de Jair Bolsonaro.
A decisão gerou ampla repercussão na imprensa internacional, que destacou o tom incomum da comunicação de Trump. O jornal britânico The Guardian caracterizou a carta como "destemperada" e observou diferenças em relação a anúncios anteriores de tarifas.
"Até agora, as cartas tarifárias de Trump têm sido quase idênticas, mudando pouco mais do que os nomes dos países e líderes e as taxas tarifárias, mas a carta destemperada dirigida ao atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, é marcadamente diferente", publicou o veículo.
A emissora britânica BBC noticiou que "Trump ameaça Brasil com tarifa de 50% e exige fim do julgamento de Bolsonaro". A publicação também ressaltou a mudança no tom da comunicação: "A mensagem para o Brasil é uma missiva muito mais direcionada e ameaça um aumento significativo do imposto de 10% que a Casa Branca tinha anunciado anteriormente".
No documento enviado a Lula, Trump classifica o processo judicial contra Bolsonaro como uma "caça às bruxas" e critica ações do Supremo Tribunal Federal brasileiro relacionadas à liberdade de expressão.
A CNBC destacou no site que "A carta a Lula vai mais longe do que as restantes, ao impor uma nova taxa de imposto de importação nos EUA explicitamente como punição a um país envolvido em assuntos políticos e jurídicos internos que não agradam a Trump".
O The New York Times afirmou que "o esforço de Trump para usar tarifas para intervir num julgamento criminal num país estrangeiro é um exemplo extraordinário de como ele vê os impostos como um porrete que serve para todos".
O Financial Times reportou que "Donald Trump disse que o Brasil estaria sujeito a tarifas dos EUA de 50% sobre seus produtos, acusando o país de tratar injustamente o ex-presidente Jair Bolsonaro".
A Bloomberg descreveu a carta como uma "dramática intensificação" que segue as "críticas vocais do líder dos EUA às políticas externa e interna do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva".
A emissora CNBC também apontou uma contradição nas alegações de Trump. Segundo dados citados pelo veículo, apesar das afirmações sobre déficits comerciais causados pelas políticas brasileiras, os EUA obtiveram um excedente no comércio de bens com o Brasil de US$ 7,4 bilhões em 2024.
As tarifas representam um aumento em relação à taxa de 10% anteriormente anunciada pela Casa Branca e afetarão diretamente exportadores brasileiros que vendem para o mercado americano.