Promissor

Fluvoxamina: veja detalhes do estudo promissor com remédio antiCovid feito em MG

As pesquisas foram coordenadas pelo médico cardiologista e professor da PUC Minas Gilmar Reis com a adesão de 20 unidades de saúde, como o Hospital Odilon Behrens

Por O TEMPO (com AFP e Folhapress)
Publicado em 28 de outubro de 2021 | 11:57
 
 
 
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Um ensaio clínico publicado nessa quarta-feira (27) apontou que a fluvoxamina, um antidepressivo, pode reduzir em até 30% as hospitalizações entre pacientes com Covid-19 com perfis de maior risco. A análise promissora partiu de estudo desenvolvido em Minas Gerais.

As pesquisas foram coordenadas pelo médico cardiologista e professor da PUC Minas Gilmar Reis e contaram com o financiamento da Universidade McMaster, do Canadá. 

Para ser realizada, a pesquisa contou com a adesão de 20 unidades de saúde, como o Hospital Odilon Behrens e Instituto Mário Pena, espalhados em diversos municípios, principalmente da região metropolitana de Belo Horizonte, como Betim, Brumadinho, Nova Lima e Sete Lagoas.

Em entrevista ao TEMPO em agosto, Reis já havia antecipado sua boa expectativa e deu detalhes do estudo, que teve início em janeiro deste ano.  "É um medicamento de baixo custo, disponível no mundo inteiro e que mostrou uma redução nas complicações, não quer dizer que estejamos comemorando. Mas os números agora permitem afirmar que essa medicação é melhor do que o tratamento convencional que se adota nessa fase da doença", disse Reis (relembre a entrevista aqui)

O estudo usou o método duplo-cego e randomizado, em que nem o examinado, nem o examinador sabiam o que estava sendo utilizado. Ou seja, 1.480 pacientes foram aleatoriamente designados para receber a fluvoxamina (742) ou o placebo (738). Todos apresentavam pelo menos um fator de risco: idade acima de 50 anos, tabagismo, diabetes, não estar vacinado etc.  

Foi feita ainda uma análise para identificar os pacientes que seguiram o tratamento por sete dias. Isso porque algumas pessoas acabam por parar de tomar o remédio, independentemente de terem efeitos colaterais ou não, explica o pesquisador.

No final, esse subgrupo que seguiu o protocolo de sete dias foi composto por 548 pessoas com uso da fluvoxamina e 618 no grupo placebo. "Para nossa surpresa, nós vimos que só um paciente havia falecido entre os que tomaram o medicamento contra 12 que haviam morrido [entre o placebo]", diz Reis sobre quem ficou uma semana usando o remédio. Segundo ele, esse dado é interessante porque mostra que "à medida que os pacientes tomavam o remédio, a mortalidade caia muito no grupo que utilizou [a flavoxamina]".

Os cientistas já sabiam que a fluvoxamina é capaz de inibir o processo de inflamação das células. Por isso, foi levantada a hipótese do remédio ser usado no tratamento contra a nova doença. "[A Covid-19] ativa o processo inflamatório e [a fluvoxamina] é uma medicação que inibe essa inflamação descontrolada", afirma o professor.

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