Reação

Greve nacional ameaça parar França em protesto contra Previdência

Paralisação está prevista para março; dois em cada três franceses se opõem à proposta de mudança

Por Agências
Publicado em 11 de fevereiro de 2023 | 15:21
 
 
 
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Paris, França. Os sindicatos ameaçaram, neste sábado (11), "paralisar" a França em março, se o presidente Emmanuel Macron não ouvir a rejeição da maioria da população à sua reforma previdenciária, em meio a um dia de novas manifestações multitudinárias. 

"Se, apesar de tudo, o governo e os legisladores ainda continuam sem ouvir a rejeição popular, a intersindical vai convocar (...) a paralisação de todos os setores na França, em 7 de março", disse o líder da central FO, Frédéric Souillot. 

A advertência foi feita no âmbito de um quarto dia de protestos na França desde o início do ano. À espera de dados oficiais, o sindicato CGT anunciou meio milhão de manifestantes em Paris, onde houve alguns incidentes com a polícia.

Aumento da idade de aposentadoria

O objetivo é fazer o governo recuar em sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuir com 43 anos (e não 42, como agora) para receber a pensão integral.

A maioria dos franceses — dois em cada três, segundo as pesquisas — se opõe à reforma, com a qual o governo busca aproximar a idade de aposentadoria da de seus vizinhos da Europa e evitar um déficit futuro no caixa da Previdência.

"Custo a acreditar que o governo não vai ouvir esta importante rejeição" à sua reforma, aplicada em um "contexto difícil", de inflação para a população, disse à AFP Gaëlle Leroy-Careto, durante a marcha realizada em Paris em um clima festivo.

Manifestações contínuas na França

Diante de um presidente determinado a aprovar a reforma, os sindicatos se encontram em uma encruzilhada: endurecer os protestos e tentar paralisar o país, ou continuar convocando grandes manifestações pacíficas que até agora não deram resultado?

As manifestações de 31 de janeiro — com entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas — foram as maiores contra a reforma social na França em três décadas, mas o governo não recuou. Neste sábado, a polícia espera entre 600 mil e 800 mil pessoas. 

Bloquear a economia

Nesse contexto, tudo parece caminhar aponta para um endurecimento dos protestos a partir de 6 de março, quando terminam as férias escolares de inverno na França. Os sindicatos dos transportes públicos de Paris convocaram neste sábado um paralisação prorrogável na RATP, a partir de 7 de março, para "bloquear a economia", e a central sindical CGT já falou em medida parecida no serviço ferroviário. 

A última vez que se conseguiu interromper uma reforma previdenciária na França foi em 1995. Nesse ano, o primeiro-ministro de centro direita, Alain Juppé, teve de recuar, após uma greve geral que paralisou o transporte por três semanas.

Controladores aéreos param em Orly

Neste sábado (11), a paralisação inesperada dos controladores aéreos forçou o cancelamento, esta tarde, de metade dos voos previstos no aeroporto de Orly. 

Sexta-feira, Macron havia pedido "responsabilidade" aos sindicatos para não bloquearem o país e disse querer que o debate seja no Parlamento, porque "é assim que a democracia deve funcionar". 

Tensão na Assembleia Nacional

A tensão também é máxima na Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados) entre a oposição de esquerda Nupes e a aliança de Macron, que não tem maioria absoluta e espera contar com o apoio da oposição de direita Os Republicanos (LR) para sua reforma. 

O presidente tem, no entanto, uma carta na manga.

O método parlamentar escolhido para a reforma permite que ela seja aplicada a partir do final de março, se as duas Casas do Parlamento (Assembleia e Senado) não chegarem a votá-la. em meio às milhares de emendas apresentadas. 

"Qualquer que seja o resultado dessa reforma, não há dúvida de que o Executivo sairá enfraquecido na opinião pública, e não está nada claro que as oposições (especialmente a Nupes) sairão reforçadas", considerou a empresa de pesquisas Odoxa na quinta-feira (9). 

Os sindicatos temem que a adoção da medida gere um “desespero social” que beneficie a extrema direita nas urnas. Contrária à reforma, a política de extrema direita Marine Le Pen já disputou o segundo turno contra Macron em 2017 e 2022. (AFP)

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