Os governantes talibãs do Afeganistão ordenaram a todas as ONGs nacionais e internacionais que não permitam que suas funcionárias trabalhem, após "graves denúncias" do descumprimento do código de vestimenta adequado, disse o Ministério da Economia à AFP neste sábado(24). “Houve denúncias graves sobre o descumprimento do uso do hijab islâmico e outras regras e regulamentos relacionados ao trabalho feminino em organizações nacionais e internacionais”, afirmou uma notificação enviada a todas as ONGs.
Um porta-voz do Ministério confirmou o envio da ordem às ONGs. "Em caso de descumprimento da diretriz (...) a licença da organização que foi emitida por este Ministério será cancelada", especifica a notificação. O anúncio ocorre apenas quatro dias depois que o governo talibã decidiu proibir por tempo indeterminado as mulheres afegãs de frequentar universidades públicas e particulares no país.
A ministra do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem, explicou em uma entrevista televisiva que tomou esta decisão porque as "estudantes que iam para a universidade (...) não respeitaram as instruções do hijab". "O hijab é obrigatório no Islã", insistiu ela, referindo-se ao fato de que as mulheres no Afeganistão devem cobrir o rosto e o corpo inteiro.
Apesar das promessas de maior flexibilidade, os talibãs retomaram sua interpretação rigorosa do Islã, que marcou sua primeira passagem pelo poder, entre 1996 e 2001.
Desde sua volta ao poder em agosto de 2021, multiplicaram-se as medidas contra as liberdades, principalmente das mulheres, que foram progressivamente excluídas da vida pública e dos centros educacionais.
(AFP)