É profundamente lamentável a situação enfrentada pelos servidores públicos em Minas Gerais, principalmente pelas forças de segurança pública, diante das recentes decisões do governador Romeu Zema. Enquanto policiais, bombeiros e outros profissionais essenciais lutam por um reajuste salarial digno em atraso há anos, Zema conseguiu aprovar um aumento de quase 300% em seus próprios vencimentos, colocando-o entre os governadores com os maiores salários do Brasil. A incoerência dessa decisão não poderia ser mais evidente.
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), aprovou em segundo turno o Projeto de Lei (PL) 2.309/2024, que propõe um reajuste de apenas 4,62% para os servidores do Poder Executivo estadual, que agora irá para sanção do governador. A proposta é uma afronta direta à estabilidade financeira e ao bem-estar daqueles que arriscam suas vidas diariamente para proteger os mineiros. Muito abaixo do índice de inflação, o valor implica uma perda real no poder de compra dos servidores. Para aqueles que defendem a segurança pública, o número representa uma ameaça à sua dignidade e à capacidade de sustentar suas famílias.
O abismo entre os aumentos salariais do governador e os reajustes oferecidos aos servidores públicos, principalmente àqueles da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), revela uma falta de sensibilidade e reconhecimento por parte do governo estadual.
As forças de segurança pública, ao lado de tantos outros profissionais essenciais, como os das áreas de educação e saúde, não pedem luxos ou privilégios irreais – ao contrário do vencimento do próprio governador. Eles exigem apenas uma remuneração justa e condizente com a importância e o risco de suas funções.
A segurança pública é um pilar fundamental da sociedade, e seus profissionais merecem ser tratados com dignidade e respeito. O aumento exorbitante no salário do governador Zema, enquanto os servidores públicos lutam por um reajuste mínimo, deixa uma mensagem clara de desvalorização e descaso. Esse contraste define em letras garrafais a desmoralização sofrida pelos servidores e, também, compromete a eficácia e a motivação das forças de segurança, prejudicando, em última instância, toda a população.
A própria forma como o governo lidou com o PL na ALMG mostrou mais uma camada de desrespeito. Ao suspender sessões para evitar a votação de emendas que propusessem reajustes mais justos, a base governista demonstrou uma falta de compromisso com a transparência e o diálogo. Esse tipo de manobra política só aumenta a frustração e a desconfiança entre o funcionalismo público.
Os legisladores mineiros precisam reavaliar suas prioridades e reconhecer a importância de valorizar adequadamente aqueles que garantem a segurança e a ordem no Estado. A justiça salarial é uma questão de reconhecimento do valor e da dedicação desses profissionais, e não apenas uma questão financeira.
É fundamental que a sociedade mineira e seus representantes se unam para corrigir essa injustiça. A segurança pública não pode ser tratada como uma questão secundária, e seus profissionais não podem continuar sendo desvalorizados. Um reajuste salarial justo para os servidores públicos, especialmente para as forças de segurança, é uma necessidade urgente e um passo crucial para garantir a estabilidade e a segurança de Minas Gerais.
Coronel PM Ailton Cirilo
Especialista em segurança pública