Cledorvino Belini é presidente da ACMinas

O ano de 2025 já começou, e é fundamental refletir sobre as expectativas econômicas e mercadológicas que moldarão o ambiente de negócios em Belo Horizonte e no Brasil como um todo. A inflação, que tem sido uma preocupação em várias economias, pode se estabilizar, mas as taxas de juros devem aumentar e reduzir os investimentos. A taxa de juros desempenha um papel central na economia de qualquer país, e no Brasil sua influência é ainda mais pronunciada devido à interação entre políticas monetárias e fiscal e o crescimento econômico.

A grande preocupação sobre a política de juros, em 2025, é sobre seus efeitos na redução da atividade econômica e aumento da dívida pública. Com juros mais altos, o custo de financiamento da dívida aumenta, gerando incertezas no mercado quanto à capacidade de pagamento da dívida. Embora necessários para controlar a inflação, quando não se tem coragem de cortar as despesas, os juros elevados afetam o crescimento econômico, o consumo, o investimento e o equilíbrio fiscal, prejudicando áreas essenciais ao desenvolvimento, como infraestrutura, educação, saúde e segurança.

Outro indicador fundamental é a relação dívida/PIB, que mede o tamanho da dívida em relação à riqueza gerada pelo país em um ano. Um crescimento acelerado da dívida, combinado com redução no crescimento econômico, pode levar a uma percepção de risco pelos investidores, resultando em maiores exigências de retorno para financiar o governo.

No Brasil, fatores como a receita fiscal, os gastos obrigatórios elevados e a indexação de parte da dívida à Selic tornam o controle da dívida um desafio. A elevação dos juros para combater a inflação, por exemplo, gera pressões adicionais sobre as contas públicas, criando um círculo vicioso.

E não existe mágica capaz de reduzir a dependência de ajustes via taxa de juros, é essencial que o governo adote uma política fiscal responsável. Isso inclui reduzir despesas e promover reformas reais estruturais, e, nesse sentido, a ACMinas tem promovido, como forma de contribuir para essa discussão, o Seminário Permanente da Reforma do Estado Brasileiro e se posicionado contra a reforma tributária, já aprovada, como ela se apresenta, por acreditar que ela não é uma reforma, e sim uma transferência tributária de um setor a outro.

Primeiro o que deveria ter sido feito é a Reforma Administrativa, reduzindo o custo da máquina pública e depois a Reforma Fiscal. Segundo continuamos tributando fortemente o consumo. Quando o modelo de sucesso das maiores economias do mundo reduz a tributação do consumo para ampliar a capacidade da população de consumir, aumentam a tributação da renda.

O tema é complexo e interdependente. Mas precisamos romper esse ciclo e exigir um compromisso simultâneo entre políticas monetárias e fiscais que promovam estabilidade macroeconômica, crescimento econômico sustentável e visão clara do longo prazo para os investimentos privados terem confiança de serem realizados.