No último domingo (13), uma conquista histórica foi anunciada na sede da Unesco, em Paris: o Cânion do Peruaçu, localizado no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, recebeu oficialmente o título de Patrimônio Natural da Humanidade. Essa distinção, concedida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, representa um marco não apenas para Minas Gerais, mas para todo o Brasil, reforçando a importância de preservar e valorizar nossos patrimônios naturais e culturais.
A decisão foi fundamentada na excepcional beleza do Cânion do Peruaçu, que combina uma geologia única, com formações rochosas monumentais e cavernas impressionantes, e um rico acervo arqueológico. Mais do que uma maravilha estética, trata-se de um sítio que evidencia processos geológicos e geomorfológicos extraordinários, que guardam vestígios de ocupações humanas que remontam a mais de 12 mil anos.
O reconhecimento do Cânion do Peruaçu traz uma série de benefícios econômicos, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do turismo sustentável. O setor é um potente vetor de crescimento econômico, capaz de gerar empregos, renda e novas oportunidades de negócios para as comunidades locais. Municípios como Januária, Itacarambi e São João das Missões, situados ao redor do parque, devem experimentar um aumento na visitação de turistas nacionais e internacionais, impulsionando a economia regional.
Estudos indicam que, nos primeiros anos após a titulação, é comum um crescimento de até 30% no fluxo de visitantes, além de maior permanência média, o que amplia os ganhos para toda a cadeia produtiva turística. Essa expansão favorece a instalação de infraestruturas adequadas, fomenta o turismo de base comunitária, valoriza as tradições locais e promove a conservação do patrimônio cultural e natural.
Para além do turismo de natureza, o Cânion do Peruaçu se consolida como um destino de turismo arqueológico, cultural e indígena, promovendo o intercâmbio de experiências e o fortalecimento das comunidades tradicionais, como os Xacriabás, cujo conhecimento ancestral está intrinsecamente ligado ao sítio. O parque se estende por aproximadamente 38 mil hectares e abriga ecossistemas diversos, que vão da Mata Atlântica ao Cerrado e à Caatinga. É habitado por mais de mil espécies de flora e cerca de 950 de fauna já catalogadas.
Entre as formações mais notáveis, destaca-se a Gruta do Janelão, cujas galerias atingem mais de 100 m de altura e 60 m de largura, além da Perna da Bailarina, a maior estalactite do mundo, com aproximadamente 28 m de comprimento. É um grande arquivo da história humana, com 114 sítios arqueológicos contendo pinturas rupestres que demonstram ocupações humanas há cerca de 12 mil anos, de modo que essa titulação promove a valorização da cultura indígena e das tradições locais.
A conquista do título de patrimônio para o Cânion do Peruaçu reforça o posicionamento de Minas Gerais como um estado de destaque no cenário mundial de cultura, natureza e sustentabilidade. A união de esforços entre governos, órgãos ambientais e comunidades locais foi fundamental para alcançar esse reconhecimento.
Esta marca internacional traz consigo a responsabilidade de proteger e valorizar esse patrimônio, ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento econômico sustentável por meio do turismo. Ao fortalecer as ações de preservação e promover a cultura indígena, o Peruaçu se firma como um símbolo de orgulho para Minas Gerais e um exemplo de como a união entre conservação e crescimento pode gerar benefícios duradouros para toda a sociedade.