Josualdo Euzébio Silva é médico-cirurgião vascular, membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

Os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) estão cada vez mais comuns, atingindo até mesmo uma parcela mais jovem da população, o que acende o alerta para a necessidade de prevenção e conscientização para reverter as estatísticas. Os dados do Ministério da Saúde apontam que é a segunda causa mais frequente de morte, responsável por cerca de 112 mil óbitos ao ano. Recentemente, o youtuber, biólogo e paleontólogo Pirulla, com mais de 1,15 milhão de seguidores, foi vítima de um AVC. Ele foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em São Paulo, em estado grave, tendo apenas 43 anos. Os motivos não foram divulgados.

A condição também é conhecida como “derrame”, ocorrendo com o entupimento ou rompimento de um vaso sanguíneo, responsável por levar sangue ao cérebro. A pressão local aumenta e deixa o órgão sem irrigação adequada, provocando problemas.

É importante entender que o AVC tem caráter isquêmico ou hemorrágico, sendo o primeiro considerado mais comum e correspondendo a 85% dos casos mundiais. A situação decorre de vários fatores, como lesões de placas de carótida na artéria em direção ao cérebro; alterações cardíacas; trombos embolizados na artéria cerebral ou a presença de placa no arco aórtico, ou seja, o acúmulo de gordura, colesterol e outras substâncias na artéria aórtica.

Já o tipo hemorrágico atinge 15% da parcela restante de ocorrências e, na maioria das vezes, está ligado ao surgimento de um aneurisma – uma dilatação anormal de uma das artérias do corpo – ou à malformação arterial. Apesar de menos comum, o AVC hemorrágico apresenta um caráter mais letal.

Qualquer pessoa pode sofrer um derrame, principalmente aquelas com fatores de risco que contribuem para o surgimento da patologia. Os alertas ficam para quem tem colesterol elevado; obesidade; sedentarismo; diabetes; consumo excessivo de álcool; tabagismo; pressão alta e histórico familiar diretamente ligado à genética.

Ainda é preciso destacar que esses fatores contribuem para o acometimento por AVC em grupos mais jovens. Os dados da Rede Brasil AVC revelam que 18% dos registros brasileiros estão na faixa etária de 18 a 45 anos. A Sociedade Brasileira de AVC contabiliza que 2 milhões de pessoas no mundo, nessa mesma faixa etária, sofrem o problema anualmente.

É essencial fazer a prevenção, mantendo um acompanhamento anual com o cirurgião vascular para indicar exames de rastreamento de eventuais problemas. O tratamento varia conforme o estado, podendo ser com medicamentos ou cirurgia.
A população deve adotar hábitos saudáveis, com a prática de atividade física; alimentação rica em frutas, verduras, legumes e cereais; evitar consumo de álcool, drogas e o tabaco; manter o peso ideal; ter boas noites de sono e saúde mental em dia, com controle de ansiedade e estresse.