A CPI do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) foi aberta anteontem pela manhã (dia em que escrevo estas linhas), pouco depois das 9h. Da lista de convocação, a ser elaborada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), pelo que já se divulgou até agora, será realmente extensa. Pelo menos três ex-ministros da Previdência e dez ex-presidentes do INSS serão convocados, sendo que alguns desses dirigentes participaram do governo Lula e dos governos da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. O objetivo é um só: punir exemplarmente os fraudadores.

A propósito, foi muito bom que a presidência da CPMI tenha caído nas mãos da oposição. O seu comando está com o senador Carlos Viana (Podemos-MG). Segundo ele, “a principal missão da comissão é gerar um relatório que mude a legislação e impeça novos assaltos”. A disputa política é natural, desde que não se procure isentar os responsáveis pelas fraudes, que atingiram os que menos ganham.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou anteontem à imprensa que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é a “única saída” para evitar a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal (STF), por “suposta” tentativa de golpe de Estado, cujo julgamento terá início em 2 de setembro. Valdemar não disse de que maneira Trump poderia atuar no processo do ex-presidente, vítima, para ambos, de perseguição política.

Certamente, Valdemar confia em vão na Lei Magnitsky, aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em 2012 e promulgada por Barack Obama. O seu principal objetivo é o combate aos crimes internacionais, mas, sobretudo, ao tráfico de drogas. O dinheiro do tráfico da Colômbia, por exemplo, proveniente da venda de cocaína nos EUA, em algum instante, passará por bancos de países que fazem negócios com os EUA e, por isso, esses bancos podem sofrer sanções.

Mas a aplicação dessa lei ao ministro Alexandre de Moraes ou a qualquer ministro do nosso STF, com a qual Valdemar e os bolsonaristas estão de pleno acordo, segundo afirmação da presidente da Transparência Internacional, a brasileira Maíra Martini, em entrevista ao jornal “O Globo” da última segunda-feira (25/8), “não se enquadra em nenhum dos motivos pelos quais foi criada”. “É uma aberração e é um precedente perigosíssimo. O pior é que essa narrativa contra a sociedade civil, que vem do governo de Donald Trump, do qual podemos esperar qualquer coisa, está se enraizando em muitos lugares”, analisa.

Termino estas linhas, leitor, com um assunto que, cada vez que o encaro, menos entendo dele e do ser humano – a guerra, em especial a que acontece em Gaza, que acaba de sofrer mais baixas. Bombardeio israelense contra o Hospital Nasser, em Khan Yunis, matou 20 pessoas, entre elas cinco jornalistas internacionais. O ataque foi criticado no mundo, mas Netanyahu o considerou “um acidente grave”.

A pergunta volta à cena: para onde, afinal, caminha a humanidade? Que seres são esses, enfim, que habitam o planeta Terra?