Cristovam Buarque

Nove perguntas ao Ministério da Defesa

Quais são as fragilidades de nossas Forças Armadas

Por Cristovam Buarque
Publicado em 20 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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Depois de 11 eleições, tudo indica que o sistema de urnas eletrônicas é incorruptível. Por isso, é estranho que nossas Forças Armadas levantem suspeitas, exatamente no ano da eleição em que as pesquisas indicam a derrota do atual presidente.

Da mesma forma que o TSE criou comissão com representantes externos para discutir possíveis fragilidades das nossas urnas, posso me imaginar parte de uma comissão instituída pelas Forças Armadas para ouvir civis com perguntas sobre fragilidades das nossas armas para fazer nossa defesa.

Apesar de minha experiência limitada a alguns meses como recruta no serviço militar e sete anos como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, da qual fui presidente por um ano, sou tão especialista nesse campo quanto generais em apuração de votos.

1. Não enfraquece nossa defesa o comprometimento partidário de nossas Forças Armadas e seus oficiais, formando um governo que não vem conduzindo o Brasil com eficiência, justiça e sustentabilidade?

2. O que enfraquece mais nossa defesa: a percepção de que nossas Forças Armadas não tinham informações sobre supostas falhas nas urnas, a descoberta de que sabiam e ficaram omissas durante 24 anos ou o sentimento de que elas sabem que as urnas são confiáveis, mas aceitaram ser manipuladas pelo presidente da República?

3. No tempo em que a grande arma da guerra está no conhecimento, o abandono das universidades e institutos de pesquisas na ciência, tecnologia, inovação e cultura não enfraquece nosso poder em caso de guerra formal e não deixa nossas fronteiras vulneráveis aos inimigos, aos traficantes e a outros criminosos?

4. A persistência da pobreza que afeta metade da população, devido à estagnação econômica e à concentração de renda, é um fator de enfraquecimento de nossa defesa?

5. Enfraquece nossa defesa o fato de só aproveitarmos o talento de uma parte de nossas crianças, deixando para trás aquelas cujas famílias não podem comprar educação?

6. O fato de grande parte de nossa população adulta ser incapaz de usar as ferramentas e entender as lógicas e a geopolítica do mundo moderno pode enfraquecer nossa defesa?

7. O armamentismo da população civil não enfraquece e desmoraliza nossos soldados e policiais?

8. O que contaminará mais a credibilidade de nossas Forças Armadas: a imagem atual de que faz parte de uma estratégia golpista ou passar a imagem de impotência diante das nossas forças desarmadas, dos juízes e políticos?

9. Depois de 33 anos de democracia, não seria do interesse da nossa defesa que nossas Forças Armadas continuassem com o comportamento profissional exemplar que vinham tendo, deixando que nossos políticos civis e nossos juízes togados cuidem do processo eleitoral como prevê nossa Constituição?

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