ELEIÇÕES 2022

TSE faz testes finais nas urnas eletrônicas focando na técnica e não na política

Diante do embate com Forças Armadas e governo Bolsonaro, Justiça Eleitoral busca dar clima de normalidade ao processo eleitoral

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 11 de maio de 2022 | 09:47
 
 
 
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Os últimos ajustes nas urnas eletrônicas que serão disponibilizadas aos brasileiros nas eleições de outubro começaram a ser feitos nesta quarta-feira (11) e vão até sexta-feira (13).

Esses ajustes foram apresentados à imprensa e aos peritos da Polícia Federal, na manhã desta quarta, pelos técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em evento marcado pela tentativa de amenização do clima de embate com as Forças Armadas, Ministério da Defesa e Palácio do Planalto.

Demonstração dessa tentativa é o foco no aspecto técnico, e não político, do chamado "Teste de Confirmação do Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação" (TPS). O TPS é realizado desde 2009 para indicar correções e aperfeiçoamento das urnas eletrônicas, criadas em 1996, mas até hoje não foram comprovadas fraudes no sistema de apuração e sigilo do voto.

No entanto, pelo menos desde 2021, o TPS ganhou mais importância devido às insistentes dúvidas levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto à segurança do processo eleitoral, suspeitas essas reforçadas e reverberadas pelas Forças Armadas.

No Teste de Confirmação do TPS, quem representou o presidente da Corte Eleitoral, ministro Edson Fachin, foi o juiz auxiliar da presidência, Sandro Vieira, que deu informações estritamente técnicas à imprensa, evitando comentários sobre os conflitos com o Poder Executivo. 

"No TPS nenhum dos planos de teste conseguiu adentrar a rede do TSE e causar dano à totalização dos votos. Nós tivemos planos de teste voltados a isso, mas eles não foram exitosos", explicou Vieira. 

Ainda de acordo com o juiz, será entregue um relatório elaborado pela equipe técnica do tribunal, composta por especialistas em tecnologia, ao ministro Edson Fachin no dia 30 de maio. "Temos ainda o prazo até o mês de julho para fazer eventuais melhorias para que o sistema esteja pronto para ser lacrado e, depois da fiscalização, gerar a votação no dia 2 de outubro."

O prazo para que os sistemas eleitorais e programas de verificação desenvolvidos pelos fiscalizadores sejam lacrados se encerra em 12 de setembro, o que será feito em novo evento de apresentação, compilação, assinatura digital e guarda das mídias pelo TSE, na Cerimônia de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas.

Entenda os testes feitos pelos investigadores e fragilidades encontradas

Em novembro do ano passado, um total de 26 investigadores, chamados de "hackers do bem", realizaram 29 planos de ataques contra as urnas eletrônicas. 

Desses ataques, somente cinco tiveram algum tipo de “êxito” considerado importante para aperfeiçoamento das urnas. Esses cinco "achados" já foram resolvidos e vão ser testados novamente durante o Teste de Confirmação.

Porém, segundo garante Vieira, os ataques simulados são pouco prováveis de ocorrer no ambiente da seção eleitoral em 2 de outubro, pois as urnas ficam bastante aparentes para os mesários, dificultando a inserção de utensílios externos nas urnas.

Confira quais foram os ataques que tiveram mais êxito:

  • Investigadores inseriram um teclado físico no painel da urna eletrônica para captar os votos digitados, transmitindo as informações para outro dispositivo e quebrando o sigilo do voto
  • Outro dispositivo utilizado pelos investigadores foi colocado na urna habilitada pelo mesário para pessoas com deficiência visual para captar o áudio, possibilitando a transmissão desse áudio dos números do candidato escolhido para fora da seção eleitoral
  • Um ataque relevante conseguiu mexer no boletim da urna - que é impresso e mostra o resultado das eleições. Porém, o ex-presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, explicou que, por tradição, a informação é embaralhada e desembaralhada quando chega ao TSE. Isso foi pensado quando ainda não havia assinatura digital do boletim. No caso, o investigador conseguiu enviar o boletim de urna sem o embaralhamento, mas o ministro explicou que isso não gera consequências. De toda forma, Barroso disse que será um ponto analisado, já que não há mais utilidade do embaralhamento dos dados
  • Outro grupo de investigadores pulou uma barreira de segurança representada pela rede de transmissão, mas foi bloqueado na entrada da rede do TSE. Os técnicos já providenciaram o aperfeiçoamento desse item e vão apresentá-lo aos especialistas
  • Os peritos da Polícia Federal conseguiram acessar a rede do TSE, mas não tiveram êxito na mudança do voto. Este é, no entanto, o ataque de maior relevância para correção. A melhoria para evitar esse tipo de acesso também será apresentada aos especialistas

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