O Brasil tem aproximadamente 250 milhões de smartphones e celulares, o equivalente a 1,2 para cada um dos habitantes do país. Trata-se de uma ferramenta essencial não apenas de comunicação, mas para acesso de serviços essenciais e informação. Mas um outro lado da moeda é a atenção que ele toma de crianças e jovens quando elas deveriam estar aprendendo.
Neste mês, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou uma lei proibindo o uso dos aparelhos nas escolas públicas e privadas. Em Minas Gerais, o projeto de lei 1136, de 2019, está pronto para ir a plenário desde o último dia 5, e igualmente veda o uso dos aparelhos em sala de aula (e outros ambientes como igrejas e teatros, por exemplo). Na Câmara dos Deputados, mais uma iniciativa já teve parecer favorável na Comissão de Educação e deve ir a Plenário e ao Senado até o início de dezembro. De acordo com a Unesco, 31% dos países possuem legislações a respeito do tema.
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com QuestionPro, mostra que oito em cada dez adultos apoiam a proibição dos celulares em sala de aula e 90% acreditam que o aparelho é um dos principais responsáveis pelas crianças não mais brincarem em público.
A questão não é simples. De acordo com a PNAD/IBGE, 54,8% das crianças entre 10 e 13 anos possuem celulares no Brasil – índice que chega a 84,7% na faixa entre 14 a 19 anos. Eles são ferramentas essenciais de contato com os pais ou para emergências. Sem falar que o acesso à internet tem potencial pedagógico gigantesco.
Por outro lado, a Unesco avalia que a desatenção que os aparelhos provocam levam, pelo menos, 20 minutos para ser recuperada pelos professores em sala de aula. Tempo essencial num país em que menos da metade dos estudantes de 15 anos consegue atingir o mínimo de proficiência em matemática e ciências, de acordo com as provas do Pisa.
Regulamentar o uso da tecnologia, para que seja um potencializador da educação e não uma barreira, é o grande desafio para educadores e legisladores e a chave para o futuro de nossas crianças.