Os “rolezinhos” de moto perturbam moradores com o barulho e colocam em risco a vida dos pilotos e de quem está por perto. A prática é alvo de operações da Polícia Militar e resultou, na noite de Natal, em 70 motos apreendidas das ruas e 37 condutores presos na região metropolitana de Belo Horizonte.
Entendido como mera diversão pelos praticantes, o “rolezinho” pode ser enquadrado como perturbação do sossego (contravenção penal, artigo 42, punível com até três meses de prisão e multa) e direção perigosa (crime de trânsito, artigo 311, com detenção de seis meses a um ano ou multa).
Defensores da prática alegam que a cidade carece de espaços para lazer, o que, apesar de ser verdade, não pode servir como justificativa para a prática de direção perigosa em via pública.
Os efeitos desse modismo não se restringem ao incômodo sonoro provocado pelos “rolezeiros”. A condução imprudente é uma das principais causas de acidentes com motos. No recorte de janeiro a março deste ano, o hospital João XXIII registrou um aumento de mais de 30% nos atendimentos a motociclistas ou garupeiros, em relação ao mesmo período do ano passado.
Além das perdas humanas, os acidentes representam um gasto vultoso aos cofres públicos, que poderia ser evitado. Só na operação de Natal foram mobilizados 400 policiais, 70 viaturas e 80 motociclistas – um efetivo que poderia ser empregado no combate a crimes de maior gravidade.
O país vivencia uma expansão sem precedentes da frota sobre duas rodas. O atual número de motocicletas é 40% maior do que era há dez anos, chegando a 34 milhões de unidades, segundo dados da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran).
A condução da motocicleta em si não é problema. Muitas vezes, é a solução para o trânsito congestionado ou a fonte de renda para trabalhadores de aplicativos. Mas a forma de conduzir o veículo deve ser regida pela civilidade e pela urbanidade, reconhecendo que a liberdade e o respeito são direitos de todos.