A partir do dia 1º de janeiro, o preço da passagem dos ônibus urbanos de Belo Horizonte vai passar de R$ 5,25 para R$ 5,75, no caso das linhas convencionais e Move, e de R$ 2,50 para R$ 2,75, no caso das linhas curtas.
O aumento foi de 9,52% a 10%, de acordo com o tipo de serviço, mais que o dobro do primeiro índice de inflação fechado para o ano de 2024 (o IPCA-15), que foi de 4,71% em 12 meses, mas aquém dos cálculos da Superintendência de Mobilidade (Sumob), que estimava uma tarifa de R$ 9,40, se o custo operacional fosse integralmente transferido para o preço da passagem.
Pela Lei 11.458/2023, parte desse custo é paga com recursos públicos. Na Lei Orçamentária aprovada pela Câmara, o valor subsidiado é de R$ 518,2 milhões, desde que as empresas cumpram condicionantes como respeito ao quadro de horários, número de viagens e qualidade dos veículos.
Mas, para o usuário final, o preço não corresponde ao serviço prestado. Em setembro, uma pesquisa do instituto DATATEMPO apontou a ineficiência do transporte coletivo como principal problema de Belo Horizonte para 15,9% moradores da capital – índice superior ao do custo da tarifa, criticado por 0,5% dos entrevistados.
Ter um serviço de ônibus com qualidade, pontualidade e acessível é essencial para a população. Outro estudo, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte em novembro, mostra que seis em cada dez belo-horizontinos usam o transporte coletivo todos os dias, sendo que 81,4% dos trabalhadores utilizam apenas um ônibus. Mas 11,1% pegam mais de um coletivo e pagam todas as tarifas – o que transforma o atual reajuste em um peso significativo para essa parcela da população mineira. Antes do reajuste, uma viagem de ida e volta de ônibus todos os dias chegava a comprometer perto de um quinto do salário mínimo vigente em 2024.
O empresário tem o direito de ser justamente remunerado por seu investimento, mas, igualmente, o usuário tem direito de receber um transporte de qualidade pelo valor pago não apenas na tarifa mas também no subsídio oficial.