Em meio às narrativas e as teorias da guerra, a fome em Gaza se consolida como um fato inegável. A insegurança alimentar entre palestinos na região chegou ao patamar de nível 5, o mais grave segundo a Organização das Nações Unidas. Pelo menos 156 pessoas morreram de fome ou desnutrição desde o início da guerra Israel-Hamas, incluindo pelo menos 90 crianças.

 
Apesar de Benjamin Netanyahu negar que exista fome em Gaza, aliados históricos pressionam o governo de Israel. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, categoricamente, que “há fome em Gaza”. 

Mais do que admitir a situação de catástrofe humanitária que é evidente, a comunidade internacional devem agir de maneira prática e ativa para viabilizar o fornecimento de alimentos na região.

Os horrores praticados pelo Hamas merecem condenação irrestrita do mundo civilizado, mas não pode servir de pretexto para que civis sejam submetidos a um regime que fere os direitos humanos a partir, por exemplo, da privação de energia elétrica. Gaza está sete vezes menos iluminada do que antes de 7 de outubro de 2023, quando da deflagração do conflito, segundo um cálculo da AFP com base em satélites da Nasa.

Enquanto as negociações indiretas entre Israel e Hamas seguem emperradas, a diplomacia global deve se concentrar em abrir espaço para ajuda humanitária. Em um aceno para tentar acalmar os aliados, Israel permitiu a entrada de ajuda humanitária no início desta semana. Mas a entrega é insuficiente. O jornal israelense “Haaretz” estima que seria necessário distribuir mais de 300 milhões de refeições para alimentar a população de Gaza nos últimos 50 dias, muito mais do que os 85 milhões destinados pela Fundação Humanitária de Gaza.

A fome em Gaza não pode ser relativizada nem ignorada pela comunidade internacional. O mundo precisa ir além das declarações e mobilizar recursos, logística e vontade política para garantir o direito básico à alimentação.