O assassinato de um policial penal em Belo Horizonte, no domingo, toca em uma questão profunda: a importância da valorização dos profissionais da segurança pública. As particularidades da função dos policiais penais exigem ações específicas do Estado, como capacitação e aumento do efetivo.
No caso da morte do agente Euler Pereira da Rocha, de 42 anos, a Corregedoria da Polícia Penal investiga se houve ausência de um dos policiais designados para o acompanhamento do detento no hospital.
O episódio é uma tragédia visível da precarização do sistema penitenciário no estado e no país – uma realidade marcada por superlotação de presídios, violação de direitos humanos e falta de estrutura. No centro do problema está a desvalorização dos agentes que lidam diretamente com os apenados. Em Minas Gerais, os servidores do sistema reivindicam melhores condições de trabalho para lidar com a crescente pressão.
Nos últimos anos, a precariedade das penitenciárias mineiras vem sendo exposta. Em dezembro do ano passado, a Nelson Hungria, em Contagem, foi interditada em razão da superlotação da unidade, com 61,3% mais presos do que a capacidade projetada. São comuns reclamações sobre alimentação inadequada e falta de profissionais, como médicos, psicólogos e assistentes sociais, nesses locais.
Na tentativa de adequar o sistema carcerário à grande demanda de presos, o governo estadual e o Ministério Público do estado assinaram um acordo, em fevereiro deste ano, que prevê a criação de 20 mil vagas em presídios.
A morte do policial penal não pode ser reduzida a um caso isolado, mas deve servir como alerta para a necessidade de revisão estrutural do sistema penitenciário, que só se sustenta se for gerido com responsabilidade, investimento e respeito à dignidade de todos os envolvidos. Valorizar os profissionais, garantir condições seguras de trabalho e viabilizar instituições mais humanas e eficientes são passos fundamentais para romper o ciclo de negligência que ameaça vidas e compromete a justiça.