Depois da geração “nem-nem”, surge a “nem-nem-nem”. A primeira não estuda nem trabalha, e a segunda sequer procura emprego. São 5,4 milhões de jovens entre 14 e 24 anos nessa situação de inércia, de acordo com dados do Ministério do Trabalho. 

Os números cresceram em relação ao primeiro semestre de 2023, quando 4 milhões de jovens estavam no grupo. O fenômeno é explicado por fatores que vão além da simples e deliberada falta de vontade de trabalhar.

O abismo entre essa juventude e o mercado formal foi cavado por questões estruturais, que devem ser corrigidas com políticas públicas urgentes. A geração “nem-nem-nem” é fruto do desalento com um mercado de trabalho que tem barreiras para parcelas da população historicamente marginalizadas. A maior parte dessa geração é formada por mulheres, a maioria com filhos, e 68% são negros.

Nota-se um reflexo do lugar reservado às mulheres na sociedade patriarcal: o trabalho doméstico e o cuidado de familiares (pais, filhos, avós etc.). No caso do homem jovem negro, resta-lhe o mercado informal de trabalho, com condições precárias e baixa renda.

A inserção dos jovens desalentados no mundo do trabalho formal está entre as condições para o desenvolvimento socioeconômico do país. O investimento em ensino técnico, programas de estágio e primeiro emprego é uma ferramenta necessárias para o cumprimento dessa meta.

Na contramão das necessidades, o que se observa no país é o interesse cada vez menor do governo federal na formação técnica, que seria capaz de formar mão de obra eficiente de acordo com o que demanda a economia moderna.

Conforme a pesquisa, do total atual de jovens ocupados, apenas 12% (cerca de 2 milhões) atua em ocupações técnicas, da informática e comunicações, que têm menor taxa de informalidade.

A empregabilidade dos jovens deve sair do discurso e partir para a prática para libertar as gerações hoje condenadas à pobreza eterna.