Na manhã de ontem viralizou a imagem de um torcedor do atlético fazendo gesto racista direcionado à torcida do Flamengo na Arena MRV. O autor pode ser facilmente identificado, já que ele não demonstrou o menor constrangimento diante das câmeras de celular apontadas em sua direção. O Atlético informou que tenta localizar o homem.

Nenhuma rivalidade nem a maior derrota dentro de campo justificam qualquer ato de discriminação. O racista não tem time de futebol específico e se esconde atrás de qualquer camisa para destilar o preconceito. 

O esporte mais popular do país serve como uma grande vitrine cultural e comportamental, o que torna ainda mais urgente suprimir qualquer resquício de discriminação do contexto do futebol. Os campos e as arquibancadas não são um mundo aparte. Neles devem valer todas as regras de uma sociedade civilizada. 

Além da lei penal do país, as regras próprias do esporte devem ser cada vez mais adaptadas no sentido de identificar e punir os atos de racismo para separar a boa prática desportiva dos atos de violência. A equiparação da injúria ao racismo é uma excelente aliada, já que a discriminação no futebol se dá, principalmente, por ofensas verbais.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) instituiu, no ano passado, penas contra o racismo, com multa de até R$ 500 mil, perda de mando de campo ou jogo com portões fechados. Ainda há o caso de perda de pontos.

Normas contra o racismo vêm sendo estipuladas ao redor do mundo, mas são raríssimos os casos que geraram, de fato, alguma punição. No Brasil, o número de casos de racismo no futebol subiu de 31, em 2020, para 64, em 2021, de acordo com o Relatório Anual de Discriminação Racial da CBF.

A sensação de anonimato em meio à multidão é um convite para que os racistas se manifestem. Mas já existem tecnologias e legislações avançadas para coibir e identificar essa prática para que o futebol seja exemplo de igualdade e respeito.