Na corrida contra o relógio para hospedar uma das mais ambiciosas conferências do clima dos últimos anos, o Brasil precisa encarar que seus esforços contra o aquecimento global estão aquém do necessário. Em especial, na questão das queimadas. Somente no ano passado, a área de vegetação queimada foi 62% maior que a média das últimas quatro décadas.
O levantamento do MapBiomas mostrou 30 milhões de hectares de área queimada. Isso é como se metade da área todal de Minas Gerais tivesse sido tomada pelo fogo. Somente o Cerrado, foram mais de 10 milhões de hectares perdidos para as chamas.
Mas chamam ainda mais a atenção as perdas na Amazônia, onde será realizada a COP 30 em novembro (Belém). Foram 15,6 milhões de hectares queimados, mais que o dobro da média histórica medida pelo instituto oficial.
Impunidade
E a receita da destruição está numa pérfida combinação de secas, impactos das mudanças climáticas e a ação humana – em grande parte das vezes, criminosa. Mas a impunidade permanece.
Entre 2019 e 2024 foram instauradas 5.406 investigações por desmatamento ou queimadas no país e, deste total, somente 1.385 se tornaram um processo judicial. Ou seja, de cada quatro inquéritos somente um apontou responsáveis pelo crime.
Prejuízos
Não se trata de uma simples questão de imagem, mas de sobrevivência do planeta. Já no ano passado, o limite de aquecimento de 1,5°C em relação ao início da era industrial já foi rompido pelo menos uma vez. E as perspectivas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que, antes de 2030 o planeta romperá a barreira dos 2°C de aquecimento.
As consequências serão tanto econômicas quanto sociais. Neste ritmo, a renda média global cairá 19% até 2050 e os chamados “refugiados do clima” que chegavam a 30 milhões em 2020 passaram de 200 milhões daqui a 25 anos.
É preciso abandonar o velho ambientalismo de palanque e, com urgência, tomar atitudes para a proteção do meio ambiente, das nascentes de forma concreta e permanente. E não apenas para “inglês ver” na COP 30.