A canonização de Carlo Acutis, o chamado “Santo Influencer”, neste domingo (7.9) é um marco para o Vaticano e uma forte mensagem para todo o mundo sobre o uso das redes sociais. 
Do ponto de vista da Santa Sé, o ato se insere no processo de modernização da Santa Sé e da importância da inserção digital.

Desde 2012, a Santa Sé mantém contas oficiais em plataformas como Twitter (@Pontifex), que já acumulam mais de 18 milhões de seguidores. O atual pontífice, Leão XIV, em maio abriu sua conta no Instagram e em uma hora tinha mais de 250 mil inscritos. Hoje, essas contas têm mais de 14 milhões de seguidores. Elas representam ferramentas poderosas de comunicação com os fiéis ao redor do mundo.

Mas há um segundo componente, tão ou mais relevante para a sociedade, que é o uso seguro da internet para crianças e adolescentes. Acutis, que morreu de leucemia aos 15 anos, em 2006, dedicou sua curta vida à informática e à divulgação da fé pelas redes sociais. 

Seu corpo, preservado na Igreja de Santa Maria Maggiore em Assis, na Itália, de calças jeans, moletom e tênis Nike, mostra que ele era um jovem comum. Mas suas virtudes eram extraordinárias. Ele defendia que o potencial das mídias digitais deveria ser usado para o fortalecimento do homem e de sua fé, não para a sua diluição na torrente de relações efêmeras e anonimato.

Atualmente, existem 5,4 bilhões de usuários de redes sociais (65% da população global), 160 milhões deles apenas no Brasil (quinto país com mais usuários). Das crianças brasileiras entre 9 e 10 anos, 60% têm contas, apesar de a política de muitas empresas proibir o cadastro antes dos 13 anos.

Essa condição abre margem para ameaças como o bullying e a adultizaçãoo. Dos registros no Canal Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, 64% são de abuso e exploração sexual infantil. Ao todo, 49.336 casos somente até julho deste ano.

Tais números apontam para um universo hostil e perigoso, mas a lição de Carlo Acutis é que é possível viver o mundo digital de forma mais humana e solidária. Resgatar o potencial construtivo da internet depende de nossas ações e não de milagres.