Eventos globais como a pandemia e a guerra na Ucrânia atingem todos os países, mas aqueles em situação já fragilizada tendem a sofrer mais. É o caso do Brasil, que assiste ao aumento da insegurança alimentar nos últimos anos. A Covid-19 e o conflito no Leste Europeu agravaram a fome no país, mas a raiz do problema está em estratégias equivocadas dos governos.
Historicamente houve falhas, por exemplo, no planejamento para a produção de insumos usados na agricultura. Atualmente, o Brasil é extremamente dependente da importação de fertilizantes da Rússia. Em 2021, 23% dos produtos usados para aumentar a produtividade do solo vieram do país europeu, segundo a Comex Stat, do Ministério da Economia.
Investir em um projeto de autossuficiência na produção desses produtos tem resultado no longo prazo. O Plano Nacional de Fertilizantes lançado pelo governo federal no mês passado prevê a independência do Brasil neste setor em 28 anos. A continuidade desse tipo de iniciativa deve ser tratada como questão de Estado, sem ser afetado por circunstâncias momentâneas da política nacional.
Isso sem abandonar a formulação de programas de auxílio emergencial para socorrer imediatamente àqueles que mais precisam, já que a fome não espera.
Cerca de 116 milhões de pessoas convivem com algum grau de insegurança alimentar, segundo a Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).
Só com políticas públicas permanentes será possível corrigir a contradição de sermos o maior produtor de alimentos do mundo, mas que é incapaz de alimentar parte de sua própria população.