EDITORIAL

A questão central

A hora agora é de tranquilizar a opinião pública de que há um novo governo e que ele trabalha


Publicado em 03 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Passada a festa em que o presidente da República se concedeu o direito de ser, ao mesmo tempo, conciliador e ameaçador, a hora agora é de começar a apresentar serviço, de modo a tranquilizar a opinião pública de que há um novo governo e que ele trabalha.

O principal problema do país, o desemprego, não foi contemplado pelo presidente em seus discursos de posse, a não ser com a menção de que, a partir de agora, o sistema educacional vai se orientar para formar pessoas para o trabalho, e não para a política.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, promete que as “reformas trarão ciclo de emprego, renda e arrecadação”. A crise fiscal entrava o crescimento. A mudança da Previdência é urgente. Tudo será feito, porém, por meio do mercado, não com o Estado como motor do crescimento.

No mesmo dia em que tomou posse, o governo editou uma medida provisória em que efetiva essa linha de ação. As terras indígenas e quilombolas, bem como as florestas do país, serão subordinadas ao Ministério da Agricultura, cuja força motriz é o agronegócio.

A fronteira agrícola certamente será expandida, embora a ministra da Agricultura garanta que não vai arrumar problema onde não existe. No entanto, parece não haver dúvidas de que a questão fundiária, sem a Funai e o Incra, foi entregue aos ruralistas.

O novo governo aumentou o salário mínimo e diz que vai acrescentar um 13º salário ao Bolsa Família. Parece estar preocupado com as políticas públicas que combatem a desigualdade social e a pobreza, enquanto o crescimento, que tudo repara, não vem.

Para o ministro Paulo Guedes, a primeira e principal reforma para solucionar o problema dos gastos é a que endurece as regras da aposentadoria. Segundo ele, a Previdência é uma fábrica de desigualdades, com o povo recebendo os menores benefícios.

Pelo menos tem alguém no governo tentando organizar o desorganizado e não o contrário.

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