A varíola matou 300 milhões de pessoas no século XX em todo mundo e só foi erradicada nos anos 80, graças à vacinação. Especialmente no Brasil, o combate a essa doença permitiu estabelecer as bases para o fortalecimento de programas de imunização.A boa reputação do país em vacinação foi construída ao longo de décadas e está sendo colocada à prova no combate à Covid-19. Por isso, preocupa a informação divulgada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de que 1,5 milhão de pessoas estão em atraso no recebimento da segunda dose do imunizante.
Os dados informados pelo chefe da Saúde se devem a fatores como a própria escassez de doses, mas também à desinformação. A vacinação contra o coronavírus acontece no momento em que a cobertura vacinal geral no país está em queda.
Em outubro do ano passado, o Ministério da Saúde divulgou que a cobertura vacinal vem despencando desde 2015 e que desde 2018 nenhuma meta foi atingida no calendário infantil.
Esse período coincide com o crescimento de movimentos antivacina, que só servem para ofuscar algo que deveria ser cristalino: a eficácia dos imunizantes. Essa onda de desinformação atingiu em cheio o combate à atual pandemia desde o princípio.
Parte dos que ainda não receberam a segunda dose pode não ter entendido a importância de complementar o esquema vacinal para atingir a eficiência máxima dos imunizantes.
Campanhas educativas robustas poderiam transmitir tal informação de maneira objetiva e abrangente, principalmente para o público idoso, que integra o grupo de risco.
Não cumprir o esquema de imunização completo é um erro individual e coletivo que só contribui para a permanência da circulação e mutação do coronavírus.