Um dos primeiros desafios dos candidatos eleitos aos Executivos e Legislativos neste 2 de outubro será enfrentar o risco de um “apagão da educação”. Se nada for feito, até 2040, haverá um déficit de 235 mil professores no Brasil, segundo alerta de pesquisa divulgada na semana passada pelo Semesp (entidade que representa as mantenedoras de ensino superior).

Nos últimos dez anos, houve uma queda de 37,6% nos estudantes matriculados em cursos de licenciatura. E, mesmo nos cursos de ensino à distância, que atendem sete em cada dez dos 1,6 milhão dos universitários que se preparam para a docência, a evasão é elevada. O Semesp projeta uma queda de 20,7% nessa categoria nos próximos 18 anos.

As implicações são evidentes. Mesmo hoje, o Brasil engatinha na formação de seus alunos. Na avaliação internacional do Pisa, somos apenas o 57º em leitura e o 70º em matemática (comparando com 77 países). Dos jovens de 15 anos, somente 32% são capazes de reconhecer e interpretar corretamente um problema matemático. Como capacitar melhor esses jovens em salas cada vez mais lotadas por falta de professores motivados e capacitados.

Alguns dos problemas a serem enfrentados são os baixos salários e o desprestígio da profissão. Hoje, um professor de ensino médio ganha o equivalente a 80% do salário de outro profissional com formação superior completa. E, além de jornadas diárias exaustivas, o docente enfrenta ambiente hostil na sala de aula. Um estudo da OCDE mostra que 12,5% sofrem ataques verbais e físicos de alunos pelo menos uma vez por semana. Na Coreia do Sul, o índice é zero.

O apagão de professores é uma ameaça e deve ser enfrentada com urgência, sob o risco de comprometer o futuro de jovens e do próprio país.