Com cada vez menos recursos disponíveis para investimento no país, é urgente discutir a participação do Estado na economia. O Brasil tem 134 empresas estatais em setores que vão das telecomunicações ao sistema financeiro, dos serviços ao comércio. Já foi pior: não faz muito tempo, a União era sócia até de botecos e motéis.
Entre os 36 membros da OCDE, o clube dos países ricos, o Brasil é o que tem mais empresas sob seu controle. É um universo com mais de 800 mil empregados, sendo 500 deles diretamente vinculados ao governo federal. Apesar de terem rendido R$ 5,5 bilhões em dividendos no ano passado, as estatais geraram R$ 14,8 bilhões em gastos devido ao pagamento de pessoal ou à manutenção de suas estruturas.
Ainda mais afogados em dívidas e dependentes de socorro fiscal, os Estados não apresentam situação melhor. Em relatório divulgado pelo Tesouro Nacional no início do mês, foram identificadas 258 estatais nessas unidades da Federação, sendo que em cada dez são dependentes do poder público.
No Rio de Janeiro, é o governo quem quita a folha salarial e as despesas de todas as suas 11 empresas públicas. Em Minas Gerais, de 19 estatais, apenas três não são dependentes do Estado. Com isso, mais de R$ 16 bilhões foram transferidos da receita para essas empresas, sendo que o retorno em dividendos foi de somente R$ 2,2 bilhões. Essa diferença é maior do que os R$ 11 bilhões transferidos para a educação básica no ano e três vezes o valor aplicado em vigilância epidemiológica (R$ 3,67 bilhões), segundo dados do Portal da Transparência.
O caminho para a prosperidade de uma nação não passa por outro ponto senão o da escolha racional e criteriosa de onde aplicar os recursos públicos de que ela dispõe.