A semana começa com a perspectiva de um novo aumento na taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) entre hoje e amanhã. A dúvida é sobre qual será o novo patamar: 5%, 5,25% ou mais que isso?

Os analistas ouvidos pelo Banco Central para a elaboração do boletim Focus divulgado ontem apostam em juros de 7% até o fim do ano, voltando a cair somente em 2023. A Selic, que começou 2021 em seu nível mais baixo na história (2%), não para de avançar – e muito em função de uma disparada ainda maior da inflação.

Inicialmente pressionado pelo custo dos alimentos e, depois, pelos combustíveis e pela tarifa de energia elétrica, o IPCA, medido pelo IBGE, acumula uma alta de 8,35% em 12 meses e mais que estourou o teto da meta estabelecido pela equipe econômica para este ano.

A cartilha ortodoxa ensina que um dos remédios para inflação alta é a elevação dos juros. Mas, ao fazer isso, a política econômica está negligenciando um segundo aspecto igualmente essencial para o país, que é o estímulo à produção e à geração de emprego. A mesma cartilha diz que juros altos acabam por desestimular os investimentos produtivos, tornando mais atraentes as aplicações financeiras e aumentando os custos de captação de recursos.

Promover a disparada dos juros em um momento em que indústria, comércio e serviços começam a mostrar os primeiros sinais de recuperação é um risco. Há uma sede enorme por capital a preço justo. Em apenas dez dias, foram emprestados 40% dos R$ 25 bilhões do Pronampe, e o Sebrae estima que seriam necessários pelo menos R$ 200 bilhões. Se uma taxa equilibrada não for atingida logo, o preço do combate à inflação será o sufocamento da economia e do emprego, e não haverá no Brasil quem se beneficie.