Entre 2003 e 2014, 66,5 milhões de brasileiros ascenderam à classe média. O número é igual à população da França. Cidadãos viajaram pela primeira vez de avião e contrataram planos de saúde. O PIB per capita cresceu 28,4% e a renda média, 62,2%.
O refluxo começou no fim de 2013. A renda da classe média caiu 14,7%, reduzindo o ganho acumulado desde 2003 de 95,7% em 2014 para 66,8% em meados de 2018. No início de 2016, 4 milhões de cidadãos brasileiros voltaram para as classes D e E.
Por que isso aconteceu? Por que alguns países dão certo e outros não? E por que alguns países experimentam a afluência durante um tempo e depois não? É o que investigaram dois economistas norte-americanos em seu livro “Por que as Nações Fracassam?”.
Segundo eles, os países são pobres porque seus governantes fazem escolhas que geram pobreza. Não falham por equívoco ou ignorância, mas fazem de propósito, concentrando o poder em suas mãos e apropriando-se da riqueza gerada por todos.
O caso do Brasil, cuja corrupção endêmica vem sendo desvendada, é emblemático. No entanto, ela é apenas a ponta de um iceberg, já que primeiro dos mais ricos se apodera de 28% da riqueza nacional, tornando o país um dos de maior concentração de renda no mundo.
No entanto, vem ocorrendo um movimento inverso. Trabalhando com dados de 188 países, pesquisadores da Brookings Institution, uma “think tank” com sede em Washington, apuraram que mais da metade da população mundial já faz parte da classe média.
São 3,59 bilhões de pessoas. E o avanço se dá com rapidez. Cinco pessoas ingressam na classe média a cada segundo. O crescimento é puxado pelos países asiáticos. A China moderna tirou 500 milhões de pessoas da pobreza; a Índia, nada menos que 200 milhões.
Por conta de suas oligarquias e corporações, o Brasil, por enquanto, está fora dessa festa.