A receita de US$ 116 bilhões do Google com propagandas no ano passado mostra o quanto é enganosa a afirmação do grupo de que é apenas uma empresa de tecnologia e ajuda a jogar luz no poder do duopólio global que forma com o Facebook no mercado publicitário.
Um levantamento do portal de análise de dados Statista mostra que a receita da gigante de buscas, quando comparada com o gasto total em publicidade nos dez maiores mercados mundiais, só fica atrás dos Estados Unidos. Ele se equipara à China e ao Reino Unido somados e equivale a praticamente dez vezes os valores movimentados no Brasil. Em seu estudo, o Statista classifica o Google como “a maior empresa de venda de anúncios no mundo”.
Em todo o mundo, essa discrepância vem sendo alvo de investigações antitruste. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apura os impactos da coleta de dados pessoais dos internautas pela empresa sobre o mercado da publicidade digital. E a União Europeia já aplicou mais de US$ 8 bilhões em multas por práticas anticoncorrenciais.
No Brasil, o reconhecimento pelo Conselho Executivo de Normas-Padrão de que Google e Facebook devem ser tratados como empresas de comunicação foi um avanço significativo. A medida é um obstáculo, por exemplo, a que elas se isentem da responsabilidade pelo conteúdo que usuários publicam sem a devida remuneração.
Extraindo faturamentos bilionários da prática, nada mais justo que esses gigantes tecnológicos de mídia também remunerem com justiça os autores de conteúdo, divulguem suas tabelas de preços de anúncios e respondam legalmente pelas implicações penais do que publicam, como o fazem seus concorrentes diretos, os jornais, as revistas, as emissoras de TV e de rádio.